Apontado como a primeira grande aposta da indústria cinematográfica para a retomada dos cinemas no circuito mundial, Tenet estreia no Brasil nesta quinta-feira (29). O novo longa de Christopher Nolan é visto como um dos principais atrativos pelos exibidores para trazer o público de volta às salas. A seguir, saiba mais sobre o filme e o porquê de sua badalação.
É de Nolan
Antes da pandemia, já havia grandes expectativas sobre Tenet por ser um novo filme de Christopher Nolan. O cineasta costuma intrigar público e crítica com suas ambiciosas produções. É autor de títulos como Amnésia (2000), O Grande Truque (2006), A Origem (2010), Interestelar (2014) e o épico de guerra Dunkirk (2017). Também renovou com sucesso a franquia Batman na trilogia exibida entre 2005 e 2012 – o segundo título, O Cavaleiro das Trevas (2008), arrecadou US$ 1 bilhão na bilheterias.
Nolan é daqueles diretores que fazem de cada novo trabalho um evento na cultura pop. Entrega filmes com apelo comercial e marcados por seu toque autoral - do uso não linear do tempo ao labirinto narrativo que leva o espectador a percorrer diferentes camadas da trama, conjunto embalado pelo inventivo uso dos efeitos visuais.
Alto investimento
Para Tenet, Nolan contou com um orçamento superior a US$ 200 milhões, o maior de sua carreira, sinal da confiança do estúdio Warner no projeto. Em sua gigantesca produção, o longa foi rodado em sete países: Dinamarca, Estônia, Índia, Itália, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos.
Bilheteria
Tendo estreado no dia 3 de setembro, Tenet arrecadou até o momento US$ 341,6 milhões em bilheteria ao redor do mundo, conforme informações do site Box Office Mojo. É a terceira maior bilheteria de 2020, atrás de Bad Boys Para Sempre (US$ 426,5 milhões), que estreou antes da pandemia, e o épico de guerra chinês The Eight Hundred (Ba Bai). Lançado em agosto na China, o filme arrecadou US$ 469,7 milhões.
Para ser visto no cinema
Como em outras produções do diretor, foi filmado combinando a antiga película (70mm e 35mm) com os mais avançados suportes digitais, buscando aumentar a imersão do espectador na sessão diante da tela convencional e, sobretudo, nas salas Imax. Ou seja, Tenet foi feito para ser visto no cinema, outro forte apelo do filme nessa retomada.
Trama
Além de combinar ação e ficção científica, pouco foi divulgado sobre o enredo de Tenet. A sinopse oficial indica que o protagonista vivido por John David Washington (de Infiltrado na Klan) está "armado com apenas uma palavra (no caso, Tenet) e lutando pela sobrevivência do mundo inteiro". Assim, ele "viaja através de um mundo crepuscular de espionagem internacional em uma missão que vai se desdobrar em algo além do tempo real".
Tenet é um palíndromo (palavra que pode ser lida tanto da direita para a esquerda quanto da esquerda para a direita) e o filme lida com "inversão temporal". O protagonista, que não tem nome oficial, teria a habilidade de retroceder algo que sequer aconteceu ainda. Ele precisa evitar a Terceira Guerra Mundial — algo como "pior que um holocausto nuclear". O personagem conta com um parceiro para impedir o fim do mundo: Neil, papel de Robert Pattinson.
A ameaça à frente deles é uma tecnologia do futuro, que permite a “inversão” do tempo para certos objetos. O protagonista consegue observar, por exemplo, “balas invertidas” que retornam ao revólver no momento do disparo. Estes fragmentos do futuro, encontrados no passado, seriam a prova da guerra que está por vir — e precisa ser impedida.
Dividiu a crítica
Já lançado no exterior, Tenet dividiu a crítica. Catherine Shoard, no jornal britânico The Guardian, declarou que o filme não vale uma temerária visita ao cinema e talvez nem uma sessão noturna na televisão, daqui a cinco anos. "Há algo desagradável em um filme que insiste em detalhar sua pseudociência, ao mesmo tempo em que reconhece que você provavelmente não terá entendido nada", escreveu. Ela definiu a obra como um "palindromic dud" ("besteirol palíndrômico", em tradução livre).
No portal Deadline, Anna Smith classificou a obra como o filme de Christopher Nolan que "você pode perder". Mais uma vez, o longa é acusado de usar muitos conceitos difíceis sem nunca explicar muito bem como a inversão do tempo — o tema central da história, já visto nos trailers de Tenet — funciona. "O diálogo fortemente expositivo pode não conquistar o público de pipoca, mas os fãs de Nolan devem saborear a chance de decodificá-lo em várias exibições", destacou Anna.
Assim como no Deadline, a crítica do New York Times Jessica Kiang encontrou paralelos entre Tenet e James Bond. John David Washington, o protagonista sem nome do filme, não deixa de ser um agente secreto em ação. E, mesmo que aqui a produção seja declarada um bom entretenimento, sobra uma alfinetada para suas aspirações no mundo da ficção científica: "(Tenet) é inegavelmente agradável, mas sua grandiosidade vertiginosa serve apenas para destacar a fragilidade de sua suposta inteligência."
Já no Los Angeles Times, Jonathan Romney viu as coisas de forma diferente, encontrando genialidade na utilização de sci-fi em meio à uma narrativa de ação já comum. "É basicamente uma aventura de espionagem, mas com uma espinha dorsal de ficção científica: Nolan aumenta a aposta em Missão: Impossível tornando a impossibilidade não apenas física, mas física quântica. E ele faz isso habilmente, de maneira otimista e com uma intenção vertiginosa e perversa de confundir".
Ellise Shafer, na revista norte-americana Variety, ainda defende o filme justamente pelo espetáculo que entrega à audiência. "É apenas um filme: um grande, impetuosamente bonito e grandiosamente agradável que fornecerá socorro ao público há muito sedento por um espetáculo escapista nesta escala robusta feita para IMAX."