
A Petrobras não patrocinará mais “filmes de qualidade mais do que sofrível” nem “artistas ricos”, declarou o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, em palestra online promovida pelo Personalidades em Foco. As informações são do jornal O Globo.
Durante a transmissão, exibida na noite de quinta-feira (17), ele falou sobre as novas políticas de apoio cultural da empresa:
— Além da busca contínua por redução de custos, resolvemos mudar a composição de nossos patrocínios. A Petrobras patrocinava artistas ricos e filmes de qualidade mais do que sofrível, como Bixa Travesty (2018), Lasanha Assassina (2002) e outras coisas mais — declarou Castello Branco.
O documentário Bixa Travesty (2018), contudo, nem ao menos recebeu apoio da Petrobras, revelou O Globo. Enquanto isso, a qualidade do filme, que retrata a trajetória da cantora trans Linn da Quebrada, foi reconhecida pelo Festival de Berlim, onde conquistou o Teddy de melhor documentário. O que acontece é que a estatal deixou de pagar os valores prometidos ao filme, após ele ser premiado no Festival de Brasília. À epoca, a Petrobras já admitiu ao jornal Folha de S. Paulo que "alguns patrocínios estavam sendo reavaliados".
Ao Globo, Linn da Quebrada criticou a postura do presidente e da estatal, afirmando que estes discursos "constroem nossos tempos":
— Uma fala como essa não só reflete, mas também constrói os nossos tempos. Além de desrespeitosa, ela se coloca como uma barreira à possibilidade de afirmar e deslocar nossos corpos para outros lugares. Quem está sendo atacada é a cultura.
A cantora ainda declarou que o desconforto com o documentário é fruto de preconceito:
— O filme é "sofrível" porque esses grupos de homens brancos sofrem com o que estamos fazendo. Nossas produções, diante das câmeras ou não, têm causado tensionamentos e movido a sociedade.