Com uma inédita edição online e gratuita, por conta da pandemia, a mostra 8 ½ Festa do Cinema Italiano começa nesta sexta-feira (28) e segue vai até 10 de setembro. Nesse período, 20 filmes de produção recente poderão ser acessados no site festadocinemaitaliano.com.br ou na plataforma Looke – para assistir, é preciso realizar um cadastro. Todos os longas-metragens ficarão disponíveis durante o festival, com exceção de O Sonho de uma Família e A Gata Cinderela, que só poderão ser acessados por 24h nos dias 29 de agosto e 5 de setembro, respectivamente, a partir das 18h.
Criado em Lisboa, Portugal, em 2008, o evento foi expandindo sua programação ao longo dos anos para diferentes países de língua portuguesa. No Brasil, a 8 ½ Festa do Cinema Italiano é realizada pela Associação Il Sorpasso e Risi Film, com o apoio da Embaixada da Itália e consulados do país no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de diferentes institutos culturais.
Stefano Savio, diretor do festival e curador da programação, ressalta que, apesar de neste ano ter se perdido a possibilidade de promover o contato direto com as pessoas, o evento amplia sua visibilidade.
– Com a edição online e gratuita, há a possibilidade de chegar a todo o público brasileiro. Sempre foi esse um de nossos principais objetivo, ampliar geograficamente a proposta – destaca Savio, que vê como interessante a ideia de o próximo 8 ½ conciliar uma parte física com outra virtual.
Programação equilibrada
Do 20 filmes do festival, nove são inéditos nos cinemas brasileiros. Entre as estreias no país, a curadoria destaca os documentários Normal, de Adele Tullique, e Selfie, de Agostino Ferrente. Ambos foram exibidos Festival de Berlim 2019. Outros destaques são o muito elogiado Martin Eden, de Pietro Marcello, que deu a Luca Marinelli a Copa Volpi de melhor ator no Festival de Veneza 2019 – já exibido no circuito nacional —, e O Sonho de uma Família, de Ginevra Elkann.
Para este ano, Savio destaca que buscou uma programação equilibrada, com foco em questões contemporâneas da Itália. O objetivo, diz, é alcançar públicos diferentes com a diversidade de títulos:
– Há o cinema mais popular, que fez grandes sucessos nas bilheterias italianas, como Bendita Loucura, Os Mosqueteiros do Rei e Como Peixe Fora D’Água. E também mostramos o cinema mais de autor, com produções que se destacaram internacionalmente, como Martin Eden e Normal.
De acordo com Savio, o cinema italiano passa por um momento positivo, com novos autores surgindo e se mostrando capazes de desenvolver uma linguagem internacional e ao mesmo tempo identitária.
– É uma Itália diferente que se representa no cinema atual, talvez fora dos estereótipos que se costuma ver no estrangeiro. É uma cinematografia viva, muito apaixonante. Houve também um investimento importante por parte do Estado, que começou a trazer alguns resultados. Continua a ser uma indústria que tem um impacto forte no mercado local – analisa Savio.
Alguns filmes da programação
Normal, de Adele Tulli
Documentário sobre as normas de gênero na sociedade contemporânea. A diretora Adele Tulli parte para as ruas para captar cenas rotineiras da sociedade italiana que reforçam a ideia de heteronormatividade. O longa propõe aos espectadores experimentarem uma performance ritualizada de feminilidade e masculinidade escondida em interações comuns, desde o nascimento até a idade adulta.
Selfie, de Agostino Ferrente
Documentário rodado Nápoles, no verão de 2014. Por meio de seus smartphones, dois adolescentes retratam o violento e complexo mundo que os rodeia nos subúrbios italianos. Como indica o título, as imagens são feitas com o celular constantemente em modo selfie.
Martin Eden, de Pietro Marcello
A adaptação da novela de Jack London, o drama gira em torno de jovem escritor pobre que entra em conflito com a burguesia. Ele se apaixona e descobre como escritores são vistos em uma sociedade aristocrática. Enquanto tenta emplacar uma obra de sucesso, Martin se questiona sobre o mercado literário, a sociedade e sua própria natureza como criador.
O Sonho de Uma Família, de Ginevra Elkann
Drama familiar que acompanha a história de três irmãos divididos. A mãe deve se casar novamente e espera uma nova filha. Para descansar, ela manda o trio para a casa do pai, em Roma, que não tem conexão com os filhos e só pensa em seu próximo trabalho.
Nápoles Velada, de Ferzan Ozpetek
Uma médica legista de Nápoles na faixa dos 40 anos se envolve com um homem mais jovem e passa a noite com ele. Mas acaba se envolvendo em um assassinato, episódio que a faz questionar sua sanidade.