A direção do Festival Internacional de Cinema de Berlim anunciou que não diferenciará mais as premiações entre gêneros. A partir de 2021, serão extintas as categorias de melhor atriz e melhor ator.
A edição, que ocorrerá entre os dias 11 e 21 de fevereiro, iniciará novas categorias para a premiação, que antes era responsável por entregar os Ursos de Prata aos vencedores. Com a mudança, os artistas concorrem a "melhor performance principal" e "melhor performance coadjuvante".
Em comunicado da direção do evento, Mariette Rissenbeek e Carlo Chatrian, diretores da Berlinale, afirmaram: "Acreditamos que não separar os prêmios na área de atuação por gênero é um sinal para uma consciência mais sensível ao gênero na indústria cinematográfica"
Atores, atrizes, cineastas e produtores reagiram à decisão e teceram comentários sobre as mudanças. Alguns, satisfeitos com a tentativa do evento de acompanhar as alterações relacionadas a gênero, entendem que a iniciativa pode incluir uma diversidade maior de pessoas em suas considerações. Outros, não tão satisfeitos, pensam que isso dificulta a competição.
"Entendo a motivação para a mudança, mas é má notícia para atores e atrizes. Agora a chance de ganhar o prêmio ficou 50% menor", pontuou o cineasta Fernando Meirelles ao jornal O Globo.
Já o produtor Rodrigo Teixeira acrescentou que trata-se de "uma mudança histórica, importante, uma evolução natural que dialoga com o momento que estamos vivendo hoje". "Desde que esteja mesmo em jogo a qualidade do trabalho, para que amanhã não venham dizer que se extinguiu uma categoria e privilegiou-se um gênero. Acredito que é um belo teste e que, no início, a ideia vai sofrer preconceito, mas sou a favor. É um salto na direção da igualdade. Às vezes, há 20 mulheres fazendo um trabalho melhor do que três homens e acaba tendo uma relevância maior quando unifica. Que vençam os melhores", ponderou.
Edição presencial
No mesmo comunicado, a direção da Berlinale anunciou que a edição 2021 está sendo planejada para ocorrer de forma presencial e com público. Rissenbeek e Chatrian disseram estar "satisfeitos que festivais com público fisicamente presente estejam ocorrendo lentamente de novo em todo o mundo".
"Os festivais e os mercados são locais de encontro e comunicação. Isso se aplica tanto ao público quanto à indústria. Vemos uma característica importante e única dos festivais em sua relação dinâmica com o público. Em tempos de pandemia do coronavírus, fica ainda mais claro que ainda precisamos de espaços de experiência analógica no âmbito cultural".