Quem não conhece Will Smith? Há três décadas em frente às câmeras, desde a estreia de Um Maluco no Pedaço, em setembro de 1990, o ator é dono de uma das carreiras mais prolíferas de Hollywood. Nestes 30 anos, participou de 35 filmes, incluindo blockbusters como Homens de Preto, Independence Day e Aladdin.
Aos 51 anos, no entanto, o ator também teve sua cota de fracassos. Um dos maiores foi As Loucas Aventuras de James West (1999), de Barry Sonnenfeld. Smith não apenas ganhou um Framboesa de Ouro pelo filme, como ainda recusou o papel de Neo em Matrix para participar da trágica aventura no Velho Oeste. Ele, inclusive, é o primeiro a admitir o erro: "Não é algo de que me orgulhe".
O próprio Framboesa, no entanto, já procurou redimir Smith duas vezes, com indicações ao Razzie Redeemer Award, reconhecimento ao fato de o ator sempre encontrar um jeito de dar a volta por cima.
A seguir, relembre os altos e baixos da carreira de Will Smith.
ALTO ⬆️: "Um Maluco no Pedaço" (1990)
Série de comédia transmitida originalmente de 1990 a 1996, Um Maluco no Pedaço apresentou Will Smith ao mundo vivendo justamente um Will, de forma que personagem e ator se mesclaram no imaginário do público. Ele interpreta um jovem que é enviado pela mãe para viver com os tios ricos, na ensolarada Bel-Air, Califórnia. Irreverente e um tanto irresponsável, Will entra em conflitos com o tio e se diverte à custa dos primos, mas eventualmente leva lições da nova família. Foi um sucesso global, segue com fãs até hoje e vai ganhar um versão dramática.
ALTO ⬆️: "Os Bad Boys" (1995)
Depois do sucesso nas TV, veio o sucesso no cinema. Mesmo não muito festejado pela crítica, Bad Boys foi sucesso com o público, garantindo uma bilheteria de US$ 141,4 milhões e duas sequências — o terceiro filme, Bad Boys para Sempre, foi lançado em janeiro deste ano. Primeiro longa de Michael Bay (hoje mais conhecido por Transformers), mistura muita ação e comédia para contar as aventuras da dupla de policiais Marcus Burnett (Martin Lawrence) e Mike Lowrey (papel de Smith).
ALTO ⬆️: "Independence Day" (1996)
Foi no ano seguinte, no entanto, que Will de fato conquistou a indústria cinematográfica, com Independence Day, de Roland Emmerich. O filme arrecadou US$ 817 milhões, liderando de longe os rankings de bilheteria de 1996 — Twister, em segundo lugar, conseguiu US$ 494 milhões —, e até recentemente se manteve como o maior sucesso da carreira do ator. Trata-se de uma aventura de ficção científica sobre a invasão de alienígenas na Terra. O Capitão Steven “Steve” Hiller (Will Smith) é parte do contra-ataque da humanidade, que tem sua última batalha em 4 de julho, é claro, o Dia da Independência dos Estados Unidos.
ALTO ⬆️: "Homens de Preto" (1997)
Nas palavras do próprio Smith, ele não queria ser "aquele ator dos filmes de alienígena", então não aceitou o convite para participar de Homens de Preto. Bastou, no entanto, uma ligação do produtor executivo, Steven Spielberg, para ele voltar atrás ("aquele cara fez o Tubarão, afinal"). Nasceu assim outra franquia de sucesso de Smith: MIB. No longa de Barry Sonnenfeld, J (Will Smith) e K (Tommy Lee Jones) são parte de uma agência não oficial do governo dos Estados Unidos. Eles monitoram seres alienígenas que se aventuram na Terra.
BAIXO ⬇️: "As Loucas Aventuras de James West" (1999)
Depois de uma sequência de tanto sucesso, veio a primeira grande queda, quando Smith abriu mão do papel de Neo em Matrix para encarnar o Capitão James West em As Loucas Aventuras de James West. O longa, inspirado em um seriado de TV dos anos 1960, levou cinco estatuetas no Framboesa de Ouro: pior filme, pior diretor (Barry Sonnenfeld), pior roteiro, pior canção original (Wild Wild West, de Will) e pior dupla (para Will e Kevin Kline). É também uma das produções com o ator com pior avaliação do público: apenas 28% de aprovação dos usuários do Rotten Tomatoes. "Bombástico, maníaco e sem graça", sentenciaram os críticos.
ALTO ⬆️: "Ali" (2001)
Do fundo do poço ao auge. Apenas dois anos depois de James West, Will Smith interpretou um dos maiores papéis de sua carreira, do lutador Muhammad Ali na cinebiografia Ali, de Michael Mann. Embora o filme não tenha sido considerado por todos como digno da vida do célebre pugilista, os elogios para a performance de Smith foram um consenso. Ele foi indicado ao Oscar de melhor ator (perdeu para Denzel Washington) e ao Globo de Ouro (foi batido por Russell Crowe), além de levar as estatuetas do BET Awards e Black Reel Awards.
ALTO ⬆️: "À Procura da Felicidade" (2006)
Vieram as sequências de Homens de Preto (2002) e Os Bad Boys (2003), os sucessos medianos Eu, Robô (2004) e Hitch (2005), até que em 2006 Will Smith voltou a surpreender com A Procura da Felicidade. Contracenando com o próprio filho, Jaden Smith, Will interpreta a história real de Chris Gardner, empresário norte-americano que conseguiu dar a volta por cima depois de perder o emprego, suas economias e até sua casa, cumprindo uma dramática odisseia sempre acompanhado do filho pequeno. O filme de Gabriele Muccino rendeu outras duas indicações de melhor ator para Smith, no Oscar e no Globo de Ouro.
ALTO ⬆️: "Eu Sou a Lenda" (2007)
De volta à ação, Will Smith manteve os bons resultados de bilheteria com Eu Sou a Lenda, que arrecadou US$ 585 milhões, sendo um dos 10 filmes que mais faturaram em 2007. Antes que os virologistas se tornassem mainstream, o ator interpretou um durante uma pandemia que destrói Nova York e boa parte da humanidade. De sua casa e bunker, o cientista busca desenvolver uma cura, enquanto o vírus transforma pessoas em zumbis. Com direção de Francis Lawrence, foi inspirado no livro de Richard Matheson. No Rotten Tomatoes, foi dito que: "Eu Sou a Lenda supera efeitos especiais questionáveis e tem sucesso em grande parte devido à força da performance hipnotizante de Will Smith".
BAIXO ⬇️: "Sete Vidas" (2008)
Depois de críticas mistas a Hancock (2008), nem Smith salvou Sete Vidas. Com avaliações negativas em praticamente todos os veículos especializados, o filme de Gabriele Muccino foi considerado "sombrio e taciturno", sem uma trama lógica. A produção busca apresentar a jornada por redenção de Tim Thomas (Will Smith), que após se envolver em um acidente que vitimou sete pessoas, busca mudar a vida de outras sete. Seu plano de autossacrifício, no entanto, parece menos uma ação nobre e mais resultado de falta de acompanhamento psicológico.
BAIXO ⬇️: "Depois da Terra" (2013)
Falando em tramas sem lógica, Will teve outro tropeço parecido com Depois da Terra. Considerado desastroso, o filme de M. Night Shyamalan repetiu a dupla de sucesso de À Procura da Felicidade, colocando o astro ao lado do filho Jaden. Não funcionou tão bem no projeto futurista, em que pai e filho lutam para sobreviver na Terra. Aqui, a interpretação dos dois foi considerada melodramática demais. "Esse foi o fracasso mais doloroso da minha carreira. James West foi menos doloroso do que Depois da Terra porque meu filho estava envolvido neste e eu o conduzi a isso", revelou Smith em entrevista a Variety.
ALTO ⬆️: "Um Homem Entre Gigantes" (2015)
Depois dos fracassos e um sucesso tímido com Golpe Duplo (2015), Will Smith pareceu voltar às graças dos críticos com Um Homem Entre Gigantes. A produção foi inspirada na história real do médico nigeriano Bennet Omalu, que foi desacreditado pela NFL após demonstrar que a prática de futebol americano está associada a problemas neurológicos, por causa dos constantes traumas, que podem levar à morte. Pela interpretação do protagonista, Smith foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator, além de ser redimido dos seus Framboesas de Ouro com uma indicação ao The Razzie Redeemer Award.
BAIXO ⬇️: "Beleza Oculta" (2016)
Mas ainda viriam mais baixos pela frente. Depois de estrelar Esquadrão Suicida, o filme de anti-heróis da DC que nunca decolou, Beleza Oculta marcou a pior estreia de um filme de Smith nos cinemas. No Tomatometer, recebeu apenas 14% de aprovação dos críticos, com o consenso de que é uma obra "bem-intencionada, mas fundamentalmente falha", visando a elevação, "mas desabando em uma hilaridade involuntária". A audiência foi menos severa e garantiu 64% de aprovação no site. Conta a história de Howard, um homem depressivo que procura respostas do universo escrevendo cartas para o Amor, o Tempo e a Morte. E o universo decide responder. O filme será exibido nesta segunda (17) na Tela Quente.
BAIXO ⬇️: "Projeto Gemini" (2019)
Outra pedra no caminho foi Projeto Gemini, de Ang Lee. Aqui não foi apenas uma questão de não fazer tanto dinheiro quanto o estúdio ou os produtores esperavam: de acordo com o site Deadline, a produção representou um prejuízo de US$ 111 milhões (principalmente devido aos caríssimos efeitos especiais). Na história, Will interpreta um assassino profissional à beira da aposentadoria. Velho e menos confiável, seus chefes decidem eliminá-lo e substituí-lo por um clone seu mais novo e mais forte. Foi considerada uma trama batida e, no geral, pouco impressionante.
ALTO ⬆️: "Aladdin" (2019)
Em junho de 2019, Will agradeceu em diferentes idiomas — inclusive em português — pelos números de Aladdin nos cinemas. A versão live-action do clássico da Disney teve uma bilheteria de US$ 1,051 bilhão, tornando-se o maior sucesso comercial da carreira do ator. Não era uma tarefa fácil agradar ao público, visto que muitos fãs ainda estão apegados à versão animada dublada por Robin Williams. Ainda assim, a maioria se rendeu a interpretação de Smith e ele foi convocado para uma continuação.
— Eu me identifico com o Gênio, porque ele está algemado, apesar dos seus poderes. Eu também tinha a sensação de estar acorrentado. Nos últimos dois anos, comecei a encontrar a minha liberdade e a me sentir confortável comigo mesmo — declarou Will em entrevista a Entertainment Weekly.