Uma após a outra, as salas de cinema de Porto Alegre estão fechando as portas. Até o fim da semana, todas estarão fechadas, segundo Ricardo Difini Leite, diretor da rede GNC e presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras de Cinema (FENEEC). Em Porto Alegre, até o momento, estão com atividades suspensas o CineBancários, Cinemateca Capitólio, Cinemateca Paulo Amorim, Espaço Itaú, Guion Center, Sala Redenção e Santander.
No entanto, redes como UCI (Canoas), Cinépolis e Arcoplex enviaram programação para esta quarta-feira. E as principais redes exibidoras na Capital – Cinemark, GNC e Cineflix – aguardam a publicação de decretos oficiais para fechar as salas, conforme explica Leite:
– As empresas de cinema querem fechar o mais rápido possível as salas, entendem a situação, mas, como se trata de acordo comercial, a solicitação tem que ser formalizada aos empreendedores dos shoppings. É uma burocracia que demora. Então é mais rápido e eficaz que isso ocorra por determinação legal do governo do que as centenas de exibidoras do país terem que negociar.
Independentemente disso, segundo Leite, os empreendedores já deram início às negociações com os shoppings. A GNC espera ver suas 52 salas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina fechadas dentro de 48 horas ou, no máximo, 72 horas. No último final de semana, o público nas salas da rede já foi 60% menor.
Em todo o Brasil, o coronavírus já fechou 577 salas de cinema. O número representa 16% de um total de 3,5 mil. Para Leite, até o final da semana, a maioria terá encerrado as atividades.
– Em 72 horas, praticamente todos os cinemas estarão fechados – afirma. – Não posso falar em valores, mas posso afirmar que (o prejuízo) será muito grande. A perda de uma operação de cinema fechada é incalculável. É uma situação sem precedentes e certamente terá consequências muito sérias para todos.
Embora a rede Cinemark tenha anunciado um plano de demissão voluntária para seus empregados, Leite não acredita que outros seguirão esse exemplo:
– No nosso caso, da rede GNC, não vamos proceder com a demissão de funcionários, vamos suspender temporariamente, sem prejuízo no salário. Acredito que uma parcela grande de empresários não seguirá a tendência de demitir. Até porque terá problemas futuros para recontratar essas pessoas depois.
Confira a nota da Feneec:
A Feneec (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas) vem a público solicitar aos governadores e prefeitos que determinem o fechamento das salas de cinema de seus Estados e cidades na forma da lei. As empresas exibidoras entendem que a grave situação colocada pela pandemia do Covid-19 é urgente e demanda uma resposta rápida que somente o Estado está habilitado a tomar. Infelizmente, o fechamento das salas por iniciativa das empresas demandaria negociações com cada uma das empresas administradoras de cada shopping onde existe uma sala de cinema, o que seria bastante complexo e lento. Os shoppings pertencem a diferentes grupos econômicos, com participação de investidores, fundos de previdência, fundações e outros, o que exigiria diversas instâncias de negociação, resultando em um prazo para solução dos problemas que a saúde pública não tem. O bem-estar dos espectadores de cinema e dos funcionários das empresas de cinema é hoje a nossa prioridade total.