Morreu neste domingo (8), aos 90 anos, o ator sueco Max Von Sydow. A informação foi anunciada pela produtora de cinema Catherine von Sydow, casada com o ator desde 1997.
— É com o coração partido e com infinita tristeza que temos a extrema dor de anunciar a partida de Max Von Sydow em 8 de março de 2020 — disse Catherine à revista Paris Match, sem revelar as causas da morte.
Com 65 anos de carreira, Max Von Sydow ficou conhecido por papéis em filmes clássicos como O Sétimo Selo (1957), uma de suas destacadas parcerias com o conterrâneo Ingmar Bergman, e O Exorcista (1973), produção rodada nos EUA com o diretor William Friedkin.
Ao lado de Bergman, o ator de quase dois metros de altura e olhos azuis penetrantes estrelou 10 filmes, consagrando no primeiro deles, O Sétimo Selo, o personagem do cavaleiro medieval que desafia a Morte em um partida de xadrez, com o objetivo de ganhar mais tempo de vida e encontrar um conforto para sua grande angústia: Deus existe? também fizeram juntos, entre outros, Morangos Silvestres (1957), A Fonte da Donzela (1960), A Hora do Lobo (1968), A Paixão de Ana (1969) e A Hora do Amor (1971).
A partir do final da década de 1960, Von Sydow deixou as fronteiras da Suécia para atuar em produções faladas em inglês. Encarnou Jesus Cristo no épico bíblico A Maior História de Todos os Tempos (1965), mas sua carreira em Hollywood teve como marco o sucesso de bilheteria O Exorcista" (1973) de William Friedkin, um enorme sucesso de bilheteria assinado por Wiliam Friedkin.
O ator também ficou conhecido pelos papéis de vilão em produções como Duna (1984), de David Lynch, Minority Report - A Nova Lei ( 2002), de Steven Spielberg, e Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese. Fã assumido de Bergman, Woody Allen chamou Von Sydow para o elenco de um dos mais elogiados filmes do diretor americano: Hannah e suas Irmãs (1986)
Incansável em sua vigorosa maturidade, o ator tornou-se um rosto conhecido para novas gerações juntando-se à saga Star Wars, em 2015, no papel de Lor San Tekka, no episódio O Despertar da Força, e vivendo o Corvo de Três Olhos na série de TV Game of Thrones, em 2016. Seus últimos trabalhos no cinema foram em Kursk —A Última Missão (2018) e no ainda inédito Echoes of the Past, drama que aborda a ocupação nazista na Segunda Guerra, no qual tem papel protagonista.
Embora os trabalhos marcantes que deixa na história do cinema Von Sydow teve reconhecimento discreto nas mais importante premiações. Nos três mais importantes festivais, Cannes, Berlin e Veneza, nunca ganhou o troféus de melhor ator. E foi indicado apenas duas vezes ao Oscar, por Pelle, o Conquistador (1987), de Bille August, vencedor da estatueta de filme estrangeiro representando a Dinamarca, e como coadjuvante em Tão Forte e Tão Perto (2011), de Stephen Daldry.
Como ele explicava a falta de reconhecimento?: "Aos atores que tiveram algum sucesso sempre são oferecidos o mesmo tipo de papéis, e eu sofri com isso", declarou ao jornal sueco Aftonbladet na época do lançamento de seu último filme.
Em 1997, Von Sydow, pai de dois filhos de um primeiro casamento com a atriz sueca Christina Olin, casou-se com a documentarista francesa Catherine Brelet. "Quero morar na França. E quero morrer na França", afirmou o ator quando o casal se estabeleceu na França, onde foi elevado ao posto de Comandante das Artes e Letras, em 2005, e feito Cavaleiro da Legião de Honra, em 2011.
Para o ex-presidente do Festival de Cinema de Cannes Gilles Jacob, Von Sydow "era um dos maiores atores do mundo, capaz de interpretar papéis espectrais ou perturbadores, mas era de uma delicadeza e humanidade comoventes".