O Menino que Matou meus Pais e A Menina que Matou os Pais chegam aos cinemas no dia 2 de abril para mostrar duas versões de um mesmo crime: a de Suzane von Richthofen e a de Daniel Cravinhos, ambos condenados a mais de 30 anos de prisão pela morte de Marísia e Manfred, pais de Suzane.
Muito mais do que baseados em fatos reais, os filmes sobre o caso Richthofen foram produzidos a partir de depoimentos e de informações que constam nos autos do processo - e foi justamente lendo o processo que os roteiristas perceberam que o casal tinha pontos de vista diferentes.
— Acho que tem muita verdade, acho que tem muita mentira, mas acho que existe uma intersecção que só vai ser possível entender assistindo às duas versões — explicou a criminóloga Ilana Casoy, responsável pelo roteiro junto com o escritor Raphael Montes, e autora do livro Casos de Família: Arquivos Richthofen.
Os dois longas, de 80 minutos cada, foram filmados juntos pelo diretor Maurício Eça, contando com a mesma equipe e elenco. A distribuição simultânea é um feito inédito no cinema mundial. Não há uma ordem correta para assisti-los. O que diferencia um de outro é o jeito de contar a história:
A Menina que Matou os Pais
"A Suzane falava que sempre era agredida porque os pais bebiam muito. Ela sempre me dizia que pensava e planejava a morte dos pais".
A frase de Daniel Cravinhos durante o julgamento do caso e que será mostrada em A Menina que Matou os Pais ilustra a visão que o filme irá carregar. Daniel alega que foi induzido por Suzane a executar os pais da namorada enquanto dormiam em uma mansão em São Paulo.
O Menino que Matou meus Pais
"Eu tinha uma vida boa com meus pais, tudo tranquilo, tudo com muito amor. O Daniel me dizia: 'imagina a vida boa sem seus pais, ia ser tão, tão boa'".
A versão de Suzane von Richthofen sobre o crime será contada em O Menino que Matou meus Pais. A estudante diz ter sido influenciada pelo então namorado, Daniel, o que culminou no brutal assassinato dos pais.
Elenco
Carla Diaz despontou na televisão em 2001 ao participar de uma das novelas de maior sucesso da Globo. Em O Clone, a atriz, aos 11 anos, encantou os telespectadores ao interpretar Khadija, filha da protagonista Jade (Giovanna Antonelli). Agora, aos 29, ela dá vida a Suzane von Richthofen no cinema.
Leonardo Bittencourt ainda é um rosto pouco conhecido pelo público. O ator estreou em novelas aos 24 anos, quando participou de Malhação: Vidas Brasileiras (2018). No ano passado, também fez parte do elenco da série Segunda Chamada, da Globo. Nos filmes, ele interpreta Daniel Cravinhos.
Os pais de Suzane, Manfred e Marísia, são vividos por Leonardo Medeiros e Vera Zimmermann. Cristian Cravinhos, irmão de Daniel, é interpretado pelo ator Allan Souza Lima. O ator Kauan Ceglio dá vida a Andreas, irmão de Suzane.
Fake news e polêmicas
O anúncio da adaptação cinematográfica do caso Richthofen rachou as redes sociais. Parte do público se revoltou, alegando que as obras poderiam "glamourizar" o assassinato. Por outro lado, houve quem elogiasse a iniciativa dizendo que várias histórias de assassinatos e serial killers já são contadas com naturalidade e até com certa frequência no cinema hollywoodiano.
— O cinema nasceu para contar histórias e histórias como estas também são importantes de serem retratadas — justificou o diretor Maurício Eça.
Os filmes também foram alvo de fake news, o que fez com que a Galeria Distribuidora e a produtora Santa Rita, responsáveis pelos longas, divulgassem uma lista com 10 fatos sobre os filmes. A cartilha explica, por exemplo, que:
- Suzane, os irmãos Cravinhos ou qualquer outra pessoa retratada nos longas não irá lucrar com as produções;
- nenhum dos atores teve contato com os acusados pelo crime;
- os filmes não enaltecem e não inocentam ninguém - caberá ao telespectador tirar suas próprias conclusões;
- os filmes foram produzidos apenas com investimento privado, sem uso de verbas públicas.
Suzane von Richthofen, atualmente presa em regime semiaberto, chegou a entrar na Justiça contra a produtora por causa dos filmes, mas o caso foi julgado improcedente. Uma decisão de 2015 do Superior Tribunal Federal (STF), que liberou a criação de biografias sem autorização prévia, é o que sustenta a elaboração dos longas, mesmo sem o crivo de Suzane e dos outros envolvidos.
Advogados também acompanharam todas as etapas da criação dos dois longas e até as entrevistas concedidas pela equipe, tudo para evitar que nenhuma palavra fosse interpretada de forma errônea.
Sessões especiais
A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou meus Pais serão exibidos em sessões especiais antes da estreia. De 19 de março até 1º de abril, o público vai poder assistir aos dois filmes pagando apenas o valor de um ingresso.
A partir de 2 de abril, data oficial da estreia, os longas serão oferecidos em sessões separadas. Será possível comprar um pacote para ver os dois filmes pagando um valor equivalente a um ingresso e meio (válido para inteira e meia-entrada). Não será necessário assistir aos longas no mesmo dia para aproveitar a promoção.