Jairo Piscitelli Jr.*
19 de dezembro de 2019, 3h26min da madrugada. Acabo de chegar da pré-estreia de A Ascensão Skywalker, nono e último episódio de Star Wars. Adrenalina a todo vapor, camiseta encharcada de suor, óculos embaçados, a cabeça a mil, o coração ainda batendo forte e o sorriso satisfeito e orgulhoso daquilo que testemunhei agora há pouco. Achei que teria ação, emoção, algumas surpresas e referências, que daria boas risadas... mas não: teve MUITA ação, chorei de soluçar, gargalhei, vibrei, levei belos sustos e, em uníssono com a galera da sala, aplaudi várias vezes ao longo das mais de duas horas e meia desse filme, ou melhor, dessa verdadeira festa de despedida da saga mais famosa e querida da história do cinema. Aos olhos deste fã, que viu e se encantou na década de 1970 com Guerra nas Estrelas (que depois virou Episódio IV - Uma Nova Esperança), foi uma experiência inesquecível!
Admito, porém, que não é um filme para todos. Afinal, é o epílogo de uma história iniciada há mais de 40 anos, que definiu os rumos da cultura pop como a conhecemos hoje em dia. Para escrever qualquer coisa sobre A Ascensão Skywalker, é indispensável uma boa dose de honestidade consigo mesmo: o que se esperava REALMENTE desse filme, que encerra a terceira trilogia da saga? Como agradar do fã mais fiel e longevo a quem ainda não viu nenhum dos oito episódios anteriores? Seria a hora certa para decidir ousar, em termos de roteiro? Convenhamos: com tudo que estava em jogo para a Disney, jogar para a torcida, com o regulamento embaixo do braço, era mesmo o mais seguro a se fazer a essa altura do campeonato. E o resultado, acreditem, é de encher os olhos!
Caminhando aqui no fio da navalha dos spoilers, consigo definir A Ascensão Skywalker como um "resumão vitaminado" da saga Star Wars, usando (e até abusando em algumas cenas) de elementos presentes nos filmes anteriores, velhos conhecidos dos fãs (personagens, naves, planetas, expressões e por aí vai), com o bônus de — em momentos cruciais da trama — driblar as soluções óbvias que, nos últimos tempos, estavam na ponta da língua dos fãs (mesmo que muitos possam ter torcido o nariz para o que viram).
Em um ritmo alucinante, este episódio convida o público a confraternizar a mitologia e toda a riqueza visual estabelecida ao longo da saga, oferecendo em doses homeopáticas um pouco de tudo aquilo que nutre, há tanto tempo, o carinho dos fãs. E nessa montanha-russa de emoções, lembrar que estamos ali pela diversão é o que nos mantém firmes nos trilhos, curtindo cada minuto do final dessa épica jornada sem "mimimis" e "chororôs" sobre o que poderia ter sido diferente. Sim, poderia, mas como foi, funcionou, divertiu, emocionou — ou seja, missão cumprida.
Pegando carona naquela brincadeira popular "tem, mas acabou", com Star Wars é ao contrário, "acabou, mas ainda tem". Se, para os roteiristas da Disney, as peripécias da família Skywalker chegaram ao fim, a vastidão do universo genialmente criado por George Lucas abre caminho agora para novas aventuras, novos personagens, novas conexões, tendo em um canal próprio de streaming e em um recém-inaugurado parque temático os motores para chegar em menos de 12 parsecs ao coração das novas gerações de fãs (provavelmente, a tal Uma Nova Esperança do título do episódio IV, para manter acesa a chama da paixão por Star Wars, que voa agora em velocidade de cruzeiro rumo a uma "vida longa e próspera", como profetizou a saga coirmã).
Fecham-se as cortinas, apagam-se os sabres de luz. Obrigado por tanta diversão até aqui, Star Wars! Nos vemos na próxima pré-estreia, seja qual for a nova história. Só não demora muito — é o que te pede com carinho aquele gurizinho de cinco anos que viu Guerra nas Estrelas no cinema em 1977, o qual renasce em mim cada vez que sento com as minhas filhas, os amigos e um balde de pipocas e leio, na telona ou na telinha, "Há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante...". Que a Força esteja com ele. Sempre!
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