Na indústria cinematográfica, como atriz, diretora e produtora, Angelina Jolie tem se ligado tanto a projetos mais autorais e intimistas quanto a blockbusters focados no entretenimento. Em 2014, ela ajudou a bancar, como produtora executiva e protagonista, a investida da Disney na agora recorrente seara das releituras em carne e osso de seus desenhos animados clássicos.
Malévola foi além da repaginação. Colocou em primeiro plano a vilã apresentada em A Bela Adormecida (1959) e a mostrou como vítima de um infortúnio amoroso. Era uma fada boazinha que, por conta de uma ardilosa traição, virou uma vingativa senhora das trevas, com sua ira voltada à princesa Aurora, amaldiçoada pela feiticeira a dormir o sono eterno quando ficasse mocinha e espetasse o dedo no fuso de uma roca. O afeto maternal, porém, toca o coração da malvada, que acaba se tornando protetora da jovem praguejada.
Malévola fez sucesso e foi bem recebido por público e crítica. Custou US$ 180 milhões e arrecadou US$ 758 milhões nos cinemas – fora o tanto a mais em outras plataformas de exibição e na vasta linha de produtos associados ao filme.
Malévola 2: Dona do Mal chega agora aos cinemas apostando que os desdobramentos da história têm poder para encantar crianças e adultos.
— Neste filme, nós provocamos com a pergunta: “Somos todos ruins ou somos todos maus?” Malévola não é só má, ela é brincalhona. Eu a amo. Ela é meu alter ego — disse Angelina em um vídeo promocional da Disney.
Aurora é vivida por Elle Fanning, que corrobora:
— Ninguém no mundo poderia interpretar Malévola a não ser Angelina Jolie.
A trama da nova produção tem início cinco anos depois do final da história original. Aurora, soberana do reino de Moors, é pedida em casamento pelo príncipe Philip (Harris Dickinson, substituto de Brenton Thwaites), herdeiro do reino de Ulstead. Malévola não está gostando nada da situação, mas topa acompanhar Aurora em um jantar no castelo dos futuros sogros, o rei John (Robert Lindsay) e a rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer).
O clima de celebração começa com afabilidade protocolar, fica tenso quando Malévola fareja algo estranho no ar e descamba para um embate entre criaturas mágicas e humanos.
Batalhas
Com direção do norueguês Joachim Rønning – do ótimo Expedição Kon Tiki (2012) e do mediano Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (2017) –, Malévola 2 recebeu nos Estados Unidos críticas mornas.
Sobram elogios ao desempenho de Angelina, Elle e Michelle, cabendo a esta o papel de vilã da vez, e reparos à fragilidade de uma narrativa que se descolou do secular conto de fadas presente no imaginário de diferentes gerações. Contando com a empatia de quem gostou do primeiro filme, Rønning começa este segundo apostando no clima romântico com Aurora e Philip, passa pelas divertidas escaramuças entre Aurora e Ingrith e descamba na ação recheada de batalhas turbinadas por efeitos especiais.
Angelina Jolie tem pela frente uma outra incursão no universo fabular: Come Away, com estreia prevista para abril de 2020, promove a mistura dos universos de Alice no País das Maravilhas e Peter Pan, com ela e Jack David Oyelowo (de Selma) vivendo os pais dos personagens. Antes, em 6 de novembro, a atriz poderá ser vista em Os Eternos, produção da Marvel sobre uma raça de super-humanos criados por alienígenas.
Malévola
De Joachim Rønning
Fantasia, EUA, 2019, 10 anos, 120min.