Um bom argumento para desligar o computador das crianças e levá-las para passear é o Cine Caramelo, festival de cinema infantojuvenil que apresenta sua 6ª edição desta segunda a 15 de junho. Voltada para crianças e pré-adolescentes, a programação contempla 24 filmes, entre animações e documentários, que serão exibidos em espaços do circuito alternativo da Capital: Sala Redenção (Campus Central da UFRGS), Sala Paulo Amorim (Casa de Cultura Mario Quintana) e o Instituto Ling.
Em época de superproduções de heróis e de salas 3D com ingressos salgados, o Cine Caramelo também é uma boa pedida para os pais, já que as sessões são gratuitas – as escolas públicas tiveram prioridade nos agendamentos, mas haverá cerca de 20 vagas em cada sessão para o público em geral.
A programação deste primeiro dia em Porto Alegre – o festival terá exibições itinerantes em escolas da rede municipal da Capital e também no Centro de Cultura de Três Coroas, a partir do dia 28 – conta com duas sessões na Sala Redenção: a animação Peixonauta: O Filme, de Kiko Mistrorigo e Célia Catunda, às 14h, e o documentário Outro Olhar – Uma nova Perspectiva, de Renata Sette, que aborda o tema da educação inclusiva contando a história da estudante gaúcha Renata Basso, que tem síndrome de Down.
Curadoria buscou filmes que gerariam reflexões
Entre os longa-metragens da lista, dois terão tradução em libras: o espanhol Bruxarias e o brasileiro Historietas Assombradas. Idealizadora do projeto e responsável pela curadoria dos títulos, Andréia Vigo diz que a intenção é garantir que os filmes fisguem a atenção das crianças, mas também provoquem questionamentos:
– A gente quer trazer uma experiência cinematográfica bacana, mas que estimule a pensar nas questões ecológicas, dos costumes, da amizade. Não é cinema como entretenimento, é cinema com reflexão. Claro, de uma forma divertida.
O Cine Caramelo tem ainda foco no público adulto, destacando na programação o documentário Meu Nome É Daniel, com exibição amanhã, às 19h, na Sala Redenção
(Av. Paulo Gama, 110). No longa de não ficção, Daniel Gonçalves retrata sua condição de jovem cineasta nascido com uma deficiência sem diagnóstico. O filme foi agraciado com um prêmio no Festival Internacional de Cine de Cartagena, na Colômbia, um dos maiores da América Latina. Depois da exibição, o realizador do Rio de Janeiro participa de um bate-papo com a publicitária Lau Patrón, autora do livro 71 Leões, compilado de textos, poesias e crônicas em que divide com os leitores o dilema de ser mãe de uma criança diagnosticada com uma síndrome rara.
Andréia fala sobre a importância de o festival se voltar também, em um segundo plano, para o público adulto, responsável pela formação dos pequenos.
– Não dá pra ter essa visão de que precisamos trabalhar só a criança. A gente tem esse esforço de tentar sensibilizar, de valorizar a infância, de fazer com que os adultos percebam a importância do espírito lúdico, que deve permanecer na vida adulta – diz.
O Cine Caramelo é financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (Pró-Cultura RS FAC), da Secretaria de Estado da Cultura, e recebe uma média de 3 mil pessoas a cada edição. A programação completa pode ser conferida no site cinecaramelo.com.br.