Correção: a universidade de Harvard fica nos Estados Unidos, e não na Inglaterra como publicado entre as 23h31min do dia 14 de maio e as 6h35min do dia 15 de maio. A informação já foi corrigida.
A professora Joana D’Arc Félix de Sousa, 55 anos, ficou conhecida nos últimos anos por sua história de superação. Ela divulgou que teria entrado na faculdade aos 14 anos e cursado um pós-doutorado em Harvard, nos Estados Unidos. No entanto, o jornal O Estado de S. Paulo aponta que Joana jamais esteve na universidade norte-americana.
A pesquisadora recebeu diversos prêmios nos últimos anos e, recentemente, a Globo Filmes divulgou que irá produzir um filme contando a trajetória de Joana, que vem de uma família humilde do interior de São Paulo.
Em 2017, o Estadão entrevistou a cientista e ela informou ter passado dois anos em Harvard. A reportagem pediu uma cópia do documento do pós-doutorado para comprovar a formação e enviou o arquivo para a universidade. Pouco tempo depois, a instituição informou que não emite certificados para este tipo de formação e alertou para um erro de grafia no papel: estava escrito "oof" em vez de "of".
No suposto diploma, há duas assinaturas. Uma delas é do professor emérito de Química em Harvard Richard Hadley Holm, que foi procurado por e-mail e disse: “O certificado é falso. Essa não é a minha assinatura, eu não era o chefe de departamento naquela época. Eu nunca ouvi falar da professora Sousa”.
No currículo Lattes, produzido pela própria pesquisadora, está publicado que ela recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação (MEC). A Capes também negou a existência do nome de Joana em seu sistema.
Nesta semana, o Estado de S. Paulo voltou a entrevistar Joana e a questionou sobre a diplomação. A pesquisadora informou que o documento foi feito para uma "encenação de teatro" e que não concluiu o pós-doutorado e não tem certificado. "As meninas mandaram junto quando o jornalista me pediu documentos. Eu pensei: tenho que contar isso para o jornalista, mas não falei mais com ele", explica.
Além disso, ela contrariou a primeira entrevista e disse que não chegou a morar no Exterior, afirmando que foi feito tudo a distância: ela teria apenas conversado com um orientador de lá. A pesquisa foi desenvolvida no Brasil. "Coloquei isso no Lattes, não sei se está certo ou errado".
A respeito da formação, a pesquisadora de fato fez a graduação, o mestrado e o doutorado na área de Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No entanto, a data da matrícula na universidade é de 1983, quando tinha 19 anos, e não 14 como informado anteriormente. Questionada pela reportagem, ela falou que ingressou aos 18, mas reafirma que foi aprovada pela primeira vez no vestibular com 14 anos.
No Facebook, Joana D'Arc escreveu que as pessoas precisam ter cuidado com "inverdades publicadas". GaúchaZH tentou entrar em contato com a pesquisadora, mas não teve retorno até o fechamento desta reportagem.