O presidente Jair Bolsonaro se manifestou numa rede social sobre a polêmica do cancelamento da estreia do filme Boy Erased no Brasil. "Fui informado de que um ator americano está me acusando de censurar seu filme no Brasil. Mentira! Tenho mais o que fazer. Boa noite a todos!", escreveu.
O longa iria estrear nos cinemas brasileiros entre janeiro e fevereiro. Mas seu lançamento foi cancelado por decisão de sua distribuidora, a Universal, que informou que ele irá direto para vídeo. Como a obra de ficção faz crítica à "cura gay", criou-se um alvoroço de que o filme havia sido censurado.
Procurada, a Universal afirmou que tomou a decisão de não exibi-lo no circuito nacional por questões comerciais. "Com um filme pequeno, muitas vezes se gasta mais para colocá-lo nos cinemas, por causa da campanha, do que o filme consegue arrecadar nas bilheterias", informou, por meio da assessoria.
Antes, porém, as redes sociais já haviam sido tomadas por indignação.
O ator Kevin McHale, famoso pela série Glee, fez associações com o atual momento político do país. "Bolsonaro é uma ameaça à comunidade LGBTQ+ brasileira. Censurar um filme sobre os perigos da terapia de conversão é só o começo", escreveu em seu perfil.
Autor do livro homônimo que inspira o filme, o americano Garrard Conley foi outro que se posicionou e depois voltou atrás, dizendo que "aparentemente houve grande dose de confusão". "Só não deixemos que isso nos distraia da situação que pessoas LGBTQ enfrentam."
Boy Erased, dirigido pelo australiano Joel Edgerton, é baseado na história real de Conley, que aos 19 anos foi enviado para um centro que oferece terapia de "conversão" de orientação sexual. No longa, o personagem é vivido por Lucas Hedges, e seus pais, por Russel Crowe e Nicole Kidman.