Inspirado nas obras do escritor de horror H. P. Lovecraft, o filme americano Black Wake foi lançado nesta terça-feira (7) nos Estados Unidos e Canadá, chegando em DVD e nas plataformas de streaming. No Brasil, a produção pode ser vista pelo Vimeo. Misturando terror e ficção científica, o longa-metragem foi exibido pela primeira vez durante o Philip K Dick Science Fiction Film Festival, em Nova York, em 24 de fevereiro. De qualquer maneira, a protagonista e produtora-executiva de Black Wake é um rosto bem conhecido do público brasileiro: Nana Gouvea.
A modelo e atriz mora há sete anos em Nova York, nos Estados Unidos, e é casada com o americano Carlos Keyes. No novo país, Nana participou das séries The Fever e Otona No Kiso Eigo – produção japonesa.
– Minha profissão no Brasil era de atriz, apesar de ter feito publicidade, desfilado no Carnaval e me chamarem de tudo que é outro nome. Só estou dando sequência ao meu trabalho. Acho natural que a cada trabalho a gente cresça um pouquinho mais. Até porque, se não for assim, a pessoa para no tempo e não progride, o que é um desperdício. Por eu ter somado o trabalho de produtora com o de atriz, talvez tenha somado um "degrauzinho" a mais. Mas acho que é um processo natural – explica Nana por telefone, ofegante, enquanto pedalava em sua bicicleta ergométrica.
No Brasil, Nana participou de atrações globais, como a novela Porto dos Milagres (2001), a minissérie JK (2006) e do humorístico A Turma do Didi. No SBT, ela foi titular no quadro Banheira do Gugu, no Domingo Legal, no final dos anos 1990, além de ter integrado a primeira edição do reality show Casa dos Artistas, em 2001.
Contudo, Nana nunca se envolveu tanto em um projeto quanto Black Wake. Além de atuar, Nana esteve na produção-executiva do filme – seu marido foi o co-produtor. Para financiar o longa, ela relatou ao jornal Extra que precisou vender seu apartamento.
Com direção de Jeremiah Kipp, Black Wake foi rodado há dois anos. De acordo com a sinopse oficial, a trama gira em torno de um time de especialistas que investiga uma série de mortes estranhas nas praias ao longo do Oceano Atlântico. Uma das cientistas da equipe, Dra. Luiza Moreira (Nana Gouvea), examina evidências de vídeo para descobrir uma possível explicação parasitária para as mortes. Lentamente, ela descobre que a ameaça real pode ser mais perigosa e antiga do que poderia imaginar.
O elenco de Black Wake também conta com Eric Roberts (Batman – O Cavaleiro das Trevas, 2008), irmão da atriz Julia Roberts, que vive o Dr. Frank.
A seguir, Nana Gouvea fala sobre Black Wake, sua ligação com terror e ficção científica, além de seus próximos projetos.
Como foi trabalhar em Black Wake?
Participei de todo o processo criativo do filme. Desde a parte de produção, como a escolha de casting, realização de script, até corrigir legenda em português. Tem meu dedinho em cada detalhe.
Em entrevista ao jornal Extra, você relatou que chegou a vender o seu apartamento para realizar o projeto. Quais foram as dificuldades que você enfrentou ao longo do processo?
Fazer um filme nos Estados Unidos custa muito dinheiro. Não é barato. Tinha esse projeto na mão e queria fosse realizado. O diretor apresentou o roteiro do filme, e, então, chamei o meu marido e disse para a gente botar em prática. Montamos o orçamento e vimos que precisávamos de uma quantia de dinheiro absurda. Para colocar um filme desse nível no mercado, eu fiz essa opção (vender a casa). Mas não foi só o dinheiro do apartamento, teve muito mais do que isso. O dinheiro do imóvel foi 50 a 60% do que o longa custou. Tenho investidores americanos que me ajudaram, e a parte que ficou faltando meu marido botou.
O que você sentiu quando viu o filme finalizado?
Acabou, graças a Deus. No começo do trabalho, as pessoas estão sempre muito empolgadas. Também estava muito animada em começar a fazer um projeto novo. Quando você pega um roteiro fresquinho na sua mão, começa a selecionar o casting, ensaiar, estudar sua parte, é tudo muito novo, fresco. Mas a produção vai se desenvolvendo e, no final, é que nem uma viagem de carro, quando você está cansado e não aguenta mais. Para sair de casa, você sai todo animado, com suas malinhas no porta-mala, "oba, vou visitar minha família", mas, no fim da viagem, você está exausto. É ótimo visitar a família, mas, pelo amor de Deus, me dá um sofá e um copo d'água! Eu tô assim neste momento, me dá um copo com água gelada. É ótimo, mas quero sentar num banco que não seja de motorista.
O que te motivou a se esforçar tanto por esta produção?
Me apaixonei pelo projeto e pelo filme. É muito gostoso de assistir, é "entertainment" (entretenimento). É um longa a que você vê e pensa no final: "Epa, é isso? Deixa eu voltar e ver de novo". Até as críticas que a gente recebe aqui falam a mesma coisa, que quando acabou filme sentiram vontade de assistir novamente. É muito interessante. É uma história nova, contada num formato diferente. É contada em forma de found footage (produção estilo Bruxa de Blair). Foi feita muita pesquisa. Os elementos de terror e ficção científica são muito claros no filme. Quem entende do assunto vê que foi um trabalho estudado, que não foi feito nas coxas, de maneira apressada para ganhar dinheiro.
Você costuma assistir muitas produções de terror e ficção científica? De quais você gosta?
São gêneros que me atraem. Tenho um carinho especial por Alien. Eu gosto muito de Star Wars, Senhor dos Anéis, Poltergeist. Acabei de assistir agora ao It – A Coisa, que achei fantástico. Tenho prazer em assistir a filme de terror, com monstros gigantescos e extraterrestres.
Quais são seus próximos projetos? Pronta para outro filme? Quem sabe, uma sequência de Black Wake?
Estou trabalhando com vários projetos que estão em pré-produção, como Derenged Past e The Dark Ones (ambos de horror) e Killer Response (drama/thriller). Tem filmes que ainda nem foram anunciados, mas que já estão na pilha de roteiros para serem produzidos. Alguns já estamos em processo de casting. Tem filmes para os quais fui contratada como atriz. Teve uns que fiz teste, passei e cumpri meu papel, como Linea de Sangre. Tem Blood Circus, que já foi lançado no começo deste ano. Mas o Black Wake é o meu bebezinho. Tenho vários outros projetos e outros bebezinhos vindo aí. Espero que sejam de uma gestação mais rápida (risos). Já estou mais bem preparada para a coisa.
Apesar de viver nos EUA, você estaria aberta a trabalhar em uma produção brasileira?
Em algum momento, quero voltar a trabalhar para a Globo. Ou quem sabem em alguma produção brasileira? Sim, trabalhar para o meu país. Não sei se isso vai acontecer, depende de eles me convidarem. Mas gostaria muito. Tenho vontade de trabalhar na minha língua natal. Enquanto isso não acontece, estou aqui produzindo filmes e, assim, não é um sonho muito distante não. Meus sonhos são com possibilidades reais, que tenho aqui na minha mesa e posso colocar em prática. Eu não tenho esse perfil de pessoa sonhadora que deseja uma coisa miraculosa. Não sou assim, nunca fui. Sou realista.
Assista ao trailer de Black Wake: