Ícone do Cinema Novo, o baiano Antônio Pitanga recebeu na noite desta quarta-feira o Troféu Cidade de Gramado, que destaca nomes vinculados à cidade e ao festival de cinema. O artista de 78 anos é presença constante no evento – seja como concorrente, convidado ou espectador.
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Logo que subiu ao palco para receber o troféu, o ator chamou sua filha:
– Eu posso quebrar o protocolo? Camila Pitanga, venha aqui.
Este ano, foi lançado o documentário Pitanga, dirigido por Beto Brant e sua filha Camila, que retrata a vida do ator baiano. Ele pediu para a filha discursar.
– Eu acho que o filme começou como uma filha que admira seu pai e de outro filho que acabou se tornando, Beto. Mas o Brasil mudou, o mundo mudou. Estamos em um país que está vivendo um retrocesso imenso. O filme acabou tendo outro significado. Estamos falando de um homem que resistiu, de uma geração (Cinema Novo) que não teve medo de colocar a cara. E está aí lutando de novo. Acho que é uma luz para nós, um farol. Temos que lutar, temos que resistir. Mesmo com as diferenças, nós precisamos dar as mãos e reconstruir esse país juntos – discursou Camila.
Por fim, ela finalizou sua fala com uma declaração de amor ao seu pai:
– Eu te amo, sempre vou estar atrás de você, como uma menina de sete anos.
Em seu discurso, Pitanga destacou a história do Festival de Cinema de Gramado, que surgiu em meio à Ditadura.
– O Brasil de ontem era nervoso, e, em 2017, continua nervoso – sentenciou.
Pitanga também elogiou a brasilidade dos filmes do Cinema Novo e a qualidade das produções brasileiras.
– Quando você me homenageia, também homenageia o cinema brasileiro – pontuou.
Com mais de 50 filmes no currículo, mais de 40 atrações na TV e 60 anos de profissão, Pitanga trabalhou com importantes diretores brasileiros – como Glauber Rocha, Cacá Diegues, Anselmo Duarte, Walter Lima Jr., entre outros. No cinema, ele atuou em filmes como O Pagador de Promessas (1962), Barravento (1962), Ganga Zumba (1963), Menino de Engenho (1965), A Grande Cidade (1966), Quando o Carnaval Chegar (1972), Joanna Francesa (1973), A Idade da Terra (1980), Rio Babilônia (1982) e Quilombo (1984). Ele também trabalhou atrás das câmeras, dirigindo Na Boca do Mundo (1978).
*Zero Hora