Sabe aquela visita que já deveria ter ido embora logo depois do almoço, mas ficou para o jantar? E aquele semidesconhecido que você ousou cumprimentar na rua e passou a lhe contar toda a história de sua vida? Imagina se meter em uma discussão política infindável no grupo da família no WhatsApp? Pense em qualquer situação cotidiana que seja desgastante e claustrofóbica: é a sensação que se tem durante 2h29min de Transformers: O Último Cavaleiro, que estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiros.
Depois de já ter arrecadado US$ 3,7 bilhões em quatro títulos da franquia, a Paramount investiu mais US$ 260 milhões em um quinto filme para, claro, faturar ainda mais. Como nos longas anteriores, O Último Cavaleiro tem a direção de Michael Bay – com toda sua pirotecnia, efeitos especiais, cenas de ação que desafiam a lógica e explosões, muitas explosões, desde os cinco segundos de filme. Ou seja, o de sempre.
Escrito por três cabeças – Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan –, o roteiro é uma atrocidade. Na trama, o robô mocinho Optimus Prime chega ao seu planeta natal, Cybertron, que está arrasado. Lá, ele encontra Quintessa, que se apresenta como sua criadora e o reprograma para o mal. O plano da vilã é fundir seu mundo com a Terra.
Enquanto isso, o humano protagonista da franquia desde o quarto filme, Cade Yeager (Mark Wahlberg), vive em um ferro velho com Autobots (transformers do bem). Agora todos os robôs alienígenas são vistos como ameaças pelo governo americano. Yeager é convocado pelo sir Edmund Burton (Anthony Hopkins) a ir à Inglaterra, onde conhece a doutora em história Vivien Wembley (Laura Haddcock). Último integrante de uma sociedade secreta que protege os segredos transformers – a qual teve entre seus participantes personalidades como Albert Einstein e Stephen Hawking –, lorde Burton ensina a Yeager e Vivien que os robôs alienígenas participaram ativamente de acontecimentos cruciais da humanidade: integraram a Távola Redonda com Rei Arthur e ajudaram a derrotar Hitler na II Guerra. Burton alerta à dupla que eles terão que recuperar o cajado do mago Merlin para deter a ameaça de Quintessa.
Em meio a esse peculiar enredo, personagens que ganham destaque nos primeiros minutos de filme somem logo depois, caso da pequena Izabella (Isabela Moner). A garota órfã surge como uma mecânica prodígio de robôs alienígenas, dispensando qualquer faculdade ou curso técnico do Senai. Em tese, ela e Yeager construiriam uma relação de pai e filha, com transformers de estimação. Mas a jovem é simplesmente esquecida na trama e reaparece no final, ao conseguir entrar escondida em um avião militar que se dirige ao confronto derradeiro – como se fosse nada. Outro personagem que aparece no início e some depois é Jimmy (Jerrod Carmichael), funcionário de Yeager que serviria como alívio cômico ao filme. Aliás, os momentos que deveriam ser divertidos do longa são constrangedores de tão sem graça.
Com uma trama medonha que consegue misturar Rei Arthur, alienígenas e robôs gigantes, O Último Cavaleiro poderia ser encarado como um entretenimento despretensioso, pelas suas cenas de ação. Mas não, nem isso. As batalhas são confusas e mal editadas – tiros e explosões para todo lado. Sem diversão, o filme se arrasta e parece durar o dobro de tempo, que já não é pouco.
Nos EUA, O Último Cavaleiro teve a pior abertura da franquia, arrecadando US$ 44,6 milhões, segundo o Box Office Mojo. Com o quinto filme dizimado pelos críticos e tendo um redução em seu público, talvez pudesse se pensar que a empreitada Transformers pudesse estar chegando ao seu fim. Mas que nada: está previsto um spin-off focado no autobot Bumblebee para 2018 e um sexto longa da série principal para 2019. Em entrevista à MTV, Michael Bay disse que existem 14 filmes escritos da franquia e garantiu que há coisa boa. Portanto, se reclamar, vai ter mais Transformers.
Mas para onde vai isso tudo? Transformers na Grécia Antiga? As pirâmides do Egito, na verdade, guardam um robô gigante? Autobots na Revolução Farroupilha? Com base no rumo insólito tomado pelo quinto longa, não é de se duvidar de nada.
TRANSFORMERS: O ÚLTIMO CAVALEIRO
De Michael Bay. Ação, 2017, 149min, EUA, 12 anos.
Cotação: 1 de 5.
Confira as salas e horários:
CÓPIA IMAX 3D LEGENDADAS
Cinespaço Wallig 8 (14h30, 17h30, 20h30)
CÓPIAS 3D DUBLADAS
Cineflix Total 2 (19h, 22h), Cinemark Barra 2 (13h30, 16h45), Cinemark Ipiranga 3 (14h30, 17h40, 21h)Cinespaço Wallig 4 (15h, 18h)GNC Iguatemi 4 (15h), GNC Praia de Belas 1 (15h)
CÓPIAS 3D LEGENDADAS
Cinemark Barra 2 (20h), Cinemark Barra 4 (11h20, 14h30, 17h40, 21h), Cinemark Barra 7 (22h), Cinespaço Wallig 4 (21h), GNC Iguatemi 4 (18h20, 21h30) e GNC Praia de Belas 1 (18h20, 21h30)
CÓPIAS DUBLADAS
Arcoplex Rua da Praia 1 (14h, 16h45, 19h30), Cineflix Total 2 (16h), Cineflix Total 3 (21h25), Cineflix Total 4 (13h30), Cinemark Ipiranga 7 (13h10, 16h30, 20h), Cinespaço Wallig 2 (14h, 17h, 20h), Cine Victória 1 (15h15, 20h), Espaço Itaú 5 (14h, 17h), GNC Lindoia 2 (13h20, 18h20, 21h30) e GNC Praia de Belas 5 (20h30)
CÓPIAS LEGENDADAS
Cinemark Ipiranga 6 (22h), Espaço Itaú 4 (15h, 18h, 21h), GNC Iguatemi 6 (17h20, 20h30) e GNC Praia de Belas 5 (17h20)