Com estreia nesta quinta-feira, Homem-Aranha: De Volta ao Lar marca um reboot nos cinemas do herói aracnídeo. Criado por Stan Lee e Steve Ditko para os quadrinhos, o personagem já protagonizou cinco filmes, desde 2002. A seguir, relembre essas incursões do Homem-Aranha no cinema.
Leia mais
"Meu Peter Parker é inocente", diz Tom Holland
"Homem-Aranha: De Volta ao Lar": franquia renova-se em filme divertido
Confira onde assistir "Homem-Aranha: De Volta Ao Lar", em pré-estreia nesta quarta-feira na Capital
1) Homem-Aranha (2002)
Dando início à trilogia do diretor Sam Raimi, que é protagonizada por Tobey Maguire como Peter Parker, o primeiro Homem-Aranha foi um marco que revolucionou a indústria dos filmes de heróis. Logo de cara, fez história no cinema americano: foi o primeiro longa a ultrapassar a marca dos US$ 100 milhões no fim de semana de estreia, com US$ 114 milhões, superando o recorde de Harry Potter e a Pedra Filosofal (US$ 90,3 milhões nos primeiros três dias de exibição, em novembro de 2001). No total, a produção arrecadou US$ 821 milhões ao redor do mundo. Foi aí que Hollywood percebeu que o público queria ver os heróis dos quadrinhos no cinema.
Combinando o ritmo alucinado de bom filme de aventura com um olhar sensível sobre os personagens, a trama gira em torno da origem do herói. Peter é um órfão criado pelos tios que adquire superpoderes após ser picado por uma aranha na Universidade de Columbia. Ele vive uma paixão platônica por Mary Jane (Kirsten Duns), sua vizinha no Queens, em Nova York. Com as novas habilidades, ele tenta descolar uma grana em um torneio de luta livre. Após seu tio Ben ser morto, seus talentos voltam-se a um propósito maior. Para complicar, há o vilão Norman Osborn (Willem Dafoe), que vira o Duende Verde e voa pela cidade em uma prancha causando destruição. Ele é pai de Harry (James Franco), melhor amigo de Peter e rival na disputa por Mary Jane.
É no primeiro Homem-Aranha que há um dos beijos mais inesquecíveis da história do cinema, entre o herói de cabeça para baixo e Mary Jane, na chuva.
2) Homem-Aranha 2 (2004)
Na sequência, Peter Parker está cada vez mais enredado em sua vida dupla. Ele segue apaixonado por Mary Jane, mas como não pode assumir a relação sem por em risco a identidade do aracnídeo, sofre ao ver amada ir para os braços de outro. Para completar a angústia existencial, seu melhor amigo Harry nutre grande ódio pelo Homem-Aranha, por considerá-lo o assassino de seu pai (o Duende Verde, vilão do filme anterior). Em meio a isso, muita ação: na luta contra o crime pelas ruas de Nova York, o super-herói enfrenta um novo vilão: Dr. Octopus (Alfredo Molina), que usa tentáculos metálicos como arma.
Homem-Aranha 2 mantém o nível do primeiro filme, costurando comédia, drama, aventura e ótimas cenas de ação. Além de desenvolver melhor os personagens, o longa mergulha mais nos dilemas de Peter, que encontra-se dividido entre trabalho, estudos, vida amorosa fracassada e ser um herói aracnídeo. Confuso, em um momento ele se questiona pergunta: "Quem sou eu?".
3) Homem-Aranha 3 (2007)
Encerrando a trilogia de Sam Raimi e Tobey Maguire, o terceiro filme do Homem-Aranha é inferior aos anteriores. A trama do filme é superlativa: Peter Parker/Homem-Aranha encara três vilões – o novo Duende Verde (James Franco), o Homem-Areia (Thomas Haden Church) e Venom (Topher Grace) – e duas garotas: a ruiva Mary Jane (Kirsten Dunst) e a loira Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard). Mas agora o maior inimigo do aracnídeo é ele mesmo.
Peter descobre um misterioso uniforme preto que intensifica seu poder, mas também traz à tona sentimentos ocultos de vaidade, raiva e desejos sombrios de vingança. Além disso, em sua fase maligna, ele adere a uma franja que remetia ao estilo emo, ainda em voga em 2007.
Com uma verdadeira teia de assuntos na tela, o desenrolar de Homem-Aranha 3 se torna uma arrastada sucessão de lutas e choros.
Em entrevista ao podcast Nerdist, em 2014, Raimi admitiu a culpa:
– É um filme que simplesmente não funcionou muito bem. Eu tentei fazer com que desse certo, mas eu não acreditava em todos os personagens, então isso não poderia passar despercebido pelas pessoas que amam o Homem-Aranha.
O cineasta relatou também que não gostava de Venom, que, segundo ele, só teve participação no filme por conta da pressão de um produtor. Raimi contou também que pensou em dividir o roteiro em dois filmes para poder contextualizar melhor os vilões na trama. Porém, a ideia foi deixada de lado por conta do impasse de decidir em qual parte o primeiro filme iria terminar.
4) O Espetacular Homem-Aranha (2012)
Havia um projeto para Homem-Aranha 4, mas Sam Raimi retirou-se incomodado por causa das interferências do estúdio em seu terceiro longa. Com o abandono de Tobey Maguire, a Sony decidiu reiniciar a franquia. No primeiro reboot, coube a Marc Webb assumir a direção.
Em Espetacular Homem-Aranha, Peter Parker (Andrew Garfield) é deixado aos cuidados de tia May (Sally Field) e tio Ben (Martin Sheen) – o pai (Campbell Scott), funcionário da Oscorp (a empresa de Norman Osborn, futuro vilão Duende Verde), é ameaçado e precisa fugir. Já adolescente, o rapaz procura desvendar esse desaparecimento. Descobre que seu pai estava envolvido em um projeto com aranhas desenvolvidas em laboratório, ao lado do cientista Curt Connors (Rhys Ifans) – que se transforma no vilão Lagarto. Completando a ciranda, quem trabalha como estagiária na Oscorp é Gwen Stacy (Emma Stone), a paixão platônica de Peter na escola – sem Mary Jane desta vez.
Aqui, o protagonista é mais agressivo: anda de skate, dispensa os óculos (passa a utilizá-los quando encontra os de seu pai) e defende oprimidos antes de ganhar seus superpoderes. No entanto, Andrew foi visto por muitos fãs como uma “versão hipster” de Peter.
A nova incursão do aracnídeo tem seus méritos, como as cenas de ação e efeitos especiais bastante superiores à primeira trilogia. Porém, o roteiro se desenrola de uma forma um tanto forçada, por vezes arrastada, e o público se vê novamente revendo uma trama de origem do herói, algo que foi melhor executado no primeiro filme.
5) O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (2014)
Marc Webb e sua trupe retornam para a última incursão da saga Espetacular. Na trama, Parker se vê às voltas com o passado nebuloso de seu falecido pai cientista e o impasse que ser um herói aracnídeo provoca no namoro com Gwen. Nessa continuação, ele precisa encarar o vilão Electro (Jamie Foxx), que domina a eletricidade. Também há o pouco carismático Duende Verde (Dane DeHaan), que se desenvolve de forma abrupta. Também há as presenças discretas de Rino (Paul Giamatti) e de Felicia (Felicity Jones), que seria a Gata Negra. Assim como no filme anterior, A Ameaça de Electro introduz vilões e deixa pontas soltas para possíveis sequências, sendo um embrião para um universo como o de Vingadores, quem sabe com spin-offs.
Entretanto, a sequência do reboot de 2012 é tão decepcionante que a saga Espetacular foi abandonada pela Sony. Os efeitos especiais são de primeira, mas há momentos que abusam do slow motion e se tornam exagerados. No que falta em estofo e impacto, A Ameaça de Electro sobra em furos e incoerências – por exemplo, um único interruptor faz retornar toda a energia elétrica de Nova York (!) –, tornando o filme enfadonho.