Vem do Uruguai profundo uma das mais comoventes produções da seleção 2017 do Festival Varilux de Cinema Francês. Rodado boa parte na cidadezinha de Florida e também em Montevidéu, o sensível drama O Filho Uruguaio (2017) é o segundo longa de ficção do premiado curta-metragista e documentarista francês Olivier Peyon.
Integrante da delegação de atores e diretores que veio ao Brasil na semana passada para divulgar os filmes dessa edição do Varilux, Peyon estará em Porto Alegre para sessões comentadas de O Filho Uruguaio nesta quarta-feira, às 18h40min, no Guion Center, e na quinta, às 18h45min, no Espaço Itaú. Além disso, o diretor e roteirista participa ainda hoje de uma masterclass com estudantes de cinema da Unisinos, das 14h às 16h.
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– Na verdade, o roteiro foi escrito para que fosse ambientado todo na Argentina, na região das cataratas de Iguazú. Mas daí eu conheci Florida e gostei das locações. Mudei a história, que aconteceria então na Argentina e no Uruguai, mas acabei ficando apenas no Uruguai por causa dos custos – contou Peyon em entrevista a ZH (leia abaixo).
Na trama, a francesa Sylvie (Isabelle Carré, dos filmes Bem Me Quer, Mal Me Quer e Românticos Anônimos) vai até o Uruguai atrás do filho, sequestrado há quatro anos pelo pelo pai após o divórcio do casal. A fim de resgatar o jovem Felipe (Dylan Cortes) e levá-lo consigo para casa, a mãe conta com a ajuda do assistente social Mehdi – vivido pelo comediante Ramzy Bedia, astro do cinema e da televisão na França, em seu primeiro papel dramático de destaque.
Chegando em Florida, porém, Mehdi depara com um cenário bem diferente do que ambos imaginavam: criado pela avó (Virginia Méndez) e pela tia (María Dupláa) depois da morte do pai, o menino parece levar uma vida feliz e radiante. Mehdi e Sylvie percebem então o quão difícil será para todos lidar com a aparição repentina dessa mãe e restabelecer os vínculos perdidos.
O Festival Varilux 2017 está apresentando, até 21 de junho, 19 longas-metragens em 56 cidades do Brasil. No Rio Grande do Sul, recebem a mostra Porto Alegre, Caxias, Pelotas, Rio Grande e Santa Maria. Na Capital, os filmes estão em exibição no Cinemark BarraShopping (Av. Diário de Notícias, 300), Espaço Itaú ( Av. Túlio de Rose, 80), Guion Center (Rua General Lima e Silva, 776) e Sala Redenção (Av. Paulo Gama, 110, Campus Central da UFRGS). Veja aqui programação completa em cada cidade e sala de exibição e mais informações sobre os 19 longas.
Entrevista: Olivier Peyon, diretor e roteirista francês
Como foi trabalhar com equipe e elenco reunindo franceses, uruguaios e até argentinos, como a atriz María Dupláa?
Eles eram realmente diferentes, mas não por causa das nacionalidades, e sim por conta de suas experiências. Por exemplo, María veio do teatro, Ramzy é um grande astro na França. São personalidades muito diferentes. Na verdade, não tivemos choques culturais, pelo menos não com o elenco. Já com a equipe uruguaia... (risos).
O comediante Ramzy Bedia não parece ser a escolha mais óbvia para o papel de Mehdi. Como você chegou até ele?
Foi a atriz Isabelle Carré quem me indicou Ramzy, nós não nos conhecíamos pessoalmente. Apesar de ser muito conhecido como cômico, ele já fazia participações quase secretas em filmes independentes sérios franceses. Ele estava praticando para o meu filme (risos). Realmente, não foi uma escolha óbvia. Os financiadores gostaram de ter Ramzy no filme, porque ele é uma estrela, mas ficaram com medo. Agora, eles todos dizem para mim: "Ok, você estava certo".
Surpreende em O Filho Uruguaio a visão idílica com que você mostra essa cidadezinha, bem diferente do tom mais crítico e pessimista da maioria dos filmes rodados em lugarejos interioranos dessa região do sul do continente.
Nós procurávamos por uma cidade muito pacífica, muito bonita, que você chegasse e tivesse a sensação de estar no Éden. Mas não queríamos algo clichê e falso. Trabalhamos por isso em locações reais, do jeito que elas eram de fato, como a delegacia, e também colocando no filme personagens de verdade, como o padre e os policiais.
O Filho Uruguaio
De Olivier Peyon
Drama, França. 2017, 96min.
Sessões com presença do diretor na quarta-feira, às 18h40min, no Guion Center, e na quinta, às 18h45min, no Espaço Itaú.