A premiação mais popular de Hollywood está prestes a chegar à sua 89ª edição, e os críticos de cinema de ZH se reuniram para comentar a cerimônia. Roger Lerina e Marcelo Perrone dão seus palpites e falam sobre os principais indicados do Oscar 2017 no vídeo acima, veja.
Depois de bater o recorde de troféus conquistados no Globo de Ouro – foram sete, incluindo o de melhor comédia ou musical –, o filme dirigido por Damien Chazelle já fez história também no Oscar: com 14 indicações, igualou o número de Titanic (1997) e A Malvada (1950). Recheada de referências e reverências ao gênero, a história de Mia (Emma Stone), atendente de cafeteria em um estúdio de cinema que sonha ser atriz, e Sebastian (Ryan Gosling), pianista que almeja ter seu clube de jazz, adiciona uma pitada de melancolia ao romance musicado. É o favorito ao prêmio de melhor filme e deve ganhar estatuetas em categorias técnicas e, especialmente, as de canção original e trilha sonora. Gosling e Emma, porém, dificilmente serão oscarizados por seus desempenhos, enquanto Chazelle pode perder o caneco de melhor diretor para Barry Jenkins, de Moonlight, em um arranjo que possa destacar os dois principais indicados.
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Dividido em três atos, o drama que narra a jornada de autoconhecimento e aceitação do jovem negro Chiron tem oito indicações. No papel do traficante de bom coração que apadrinha o protagonista na infância, Mahershala Ali é o favorito ao troféu de ator coadjuvante – já ganhou nessa categoria no SAG, a premiação do sindicato de atores. A estatueta de melhor roteiro adaptado também deve ficar com o longa – o sindicato de roteiristas premiou a história, porém na categoria de roteiro original. Moonlight ganhou o Globo de Ouro de melhor drama, mas é mais provável que La La Land seja eleito como o filme do ano pelo Oscar – uma escolha que pode ser compensada com a entrega do prêmio de melhor direção a Barry Jenkins, realizador que está apenas em seu segundo longa e que vem despontando em Hollywood com o sucesso de Moonlight.
Inteligente e sensível incursão na ficção científica, gênero que não goza de muito prestígio no Oscar, o filme dirigido pelo incensado Denis Villeneuve correu por fora e emplacou oito indicações. Em tom humanista e cheio de surpresas instigantes, o filme acompanha uma doutora em linguística (Amy Adams) convocada pelo exército norte-americano em suas tentativas de comunicar-se com misteriosos alienígenas cujas naves se fixaram em diferentes partes da Terra. Com mais chances em categorias técnicas como edição, design de produção e as relacionadas a som, A Chegada também está no páreo de melhor filme, diretor e roteiro adaptado – categoria em que foi premiado pelo sindicato de roteiristas dos Estados Unidos. A grande ausência é a de Amy Adams, que poderia até levar o Oscar de melhor atriz se tivesse sido indicada graças a sua atuação comovente no filme.
No papel de um zelador deprimido obrigado a confrontar o pesado trauma que arrasta, Casey Affleck é forte candidato ao Oscar de melhor ator. O protagonista de Manchester à Beira-Mar, filme com seis indicações já ganhou dezenas de prêmios, entre eles o Globo de Ouro. Com roteiro e direção do dramaturgo Kenneth Lonergan, o longa tem como cenário uma cidadezinha litorânea da costa leste dos EUA, para onde o personagem de Affleck volta ao saber da morte do irmão. Em meio às providências burocráticas, ele descobre que ficou com a guarda do sobrinho adolescente (Lucas Hedges, indicado como ator coadjuvante). É um retorno doloroso, pois será preciso também remoer a tragédia que o afastou de sua ex-mulher (Michelle Williams, que concorre como atriz coadjuvante). Embaralhando presente e passado em uma narrativa que alterna delicadeza e potência, o bom trabalho de Lonergan o colocou na disputa do Oscar de direção e roteiro original.
Baseado em fatos reais, o filme apresenta a história de Saroo (interpretado por Sunny Pawar na infância e por Dev Patel na fase adulta), um menino indiano pobre que se perde de seu irmão mais velho e, acidentalmente, acaba viajando para Calcutá. Na cidade grande, o garotinho de cinco anos sobrevive miseravelmente nas ruas e, após parar em um orfanato, é adotado por um casal da Austrália, onde passa a viver com conforto. Vinte anos depois, Saroo começa a procurar o antigo lar de sua família biológica. O drama dirigido pelo estreante Garth Davis tem seis indicações, incluindo melhor filme, roteiro adaptado e duas que destacam o talento das atuações do elenco: o inglês de origem indiana Dev Patel, que despontou no oscarizado Quem Quer Ser um Milionário? (2008), e a estrela Nicole Kidman – ambos nas categorias de coadjuvante. Ainda que tenha sido premiado pelo sindicato dos diretores por conta de sua qualidade como filme de estreia, Lion é um azarão que dificilmente vai levar alguma estatueta para casa.
Dirigido por Mel Gibson e inspirado em uma história verídica, o filme narra com paixão e crueza a batalha pessoal que o paramédico Desmond Doss (Andrew Garfield) teve que travar para sustentar a determinação de servir ao exército sem pegar em armas – e ainda assim salvar 75 homens em Okinawa, durante a II Guerra Mundial. Outro título que surpreendeu ao receber seis indicações, incluindo categorias centrais como melhor filme, diretor e ator. Se tem boas chances de ser reconhecido pelos prêmios técnicos a que concorre – montagem, edição e mixagem de som são realmente excelentes –, Até o Último Homem dificilmente erguerá alguma das outras taças que disputa. Depois de uma série de encrencas pessoais e declarações desastrosas – e inclusive antissemitas –, o ator e diretor Mel Gibson tornou-se malvisto em Hollywood, o que prejudica ainda mais suas chances no Oscar.
Um dos melhores títulos da temporada, A Qualquer Custo promove uma empolgante releitura do faroeste norte-americano, adaptando o gênero para os dias atuais. Com quatro indicações, o filme conta a história de dois irmãos que, para quitar uma dívida hipotecária do rancho da família, levam a cabo uma série de pequenos e sucessivos roubos em várias agências bancárias texanas. Após os dois primeiros assaltos, um velho xerife local (Jeff Bridges) logo saca os planos da dupla e, junto ao parceiro meio índio, meio mexicano (Gil Birmingham), trata de caçá-los. Exibido com sucesso no Festival de Cannes na competição Un Certain Regard, A Qualquer Custo disputa com poucas chances a estatueta de melhor filme. Longe de serem os favoritos de suas categorias, o inventivo roteiro original e a atuação memorável de Jeff Bridges, como uma versão moderna e autoirônica do caubói do cinema John Wayne, são dignos de Oscar.
Um Limite Entre Nós
Na disputa com quatro indicações, Um Limite entre Nós é dirigido pelo ator Denzel Washington, que levou para o cinema a peça que estrelou no palco com Viola Davis. Na trama ambientada nos anos 1950, Washington vive um lixeiro ranzinza que descarrega na família a frustração por não seguir carreira no beisebol – apesar de ser um craque, despontou numa época em que a presença de negros na liga profissional era restrita. Quando o filho se mostra um talento no futebol americano, ele faz de tudo para desestimular o rapaz. Denzel concorre como melhor ator. Já levou o prêmio do Sindicato dos Atores, o que lhe credencia a conquistar sua terceira estatueta, embora o favoritismo de Casey Affleck. A mais garantida chance de premiação está com Viola, como atriz coadjuvante. Com sua vigorosa performance de mãe coragem que busca manter a harmonia familiar, ela já ergueu os mais importantes prêmios da temporada.
As três indicações de Estrelas Além do Tempo deram visibilidade a uma história real fascinante relegada a nota de rodapé nos registros sobre a corrida espacial que levou o homem à Lua, em 1969. O diretor Theodore Melfi tem como personagens três matemáticas negras (vividas por Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe) que integraram a equipe da Nasa no começo dos anos 1960, quando os EUA assistiam atônitos aos soviéticos largarem na frente rumo à exploração do cosmos. O filme destaca o impacto dessa disputa no auge da Guerra Fria, contextualizando também a luta pelos direitos civis dos negros, que ganhava relevância em uma época de segregação racial. Destacam-se as personagens de Taraji, como a mente brilhante capaz de domar complexas equações para calcular rotas seguras para os astronautas, e Octavia, responsável por momentos de graça como a espevitada desbravadora da linguagem dos computadores.
Clique na imagem abaixo e confira o nosso do especial do Oscar 2017 com sinopses, trailers e críticas dos indicados ao Oscar nas principais categorias.