Direto de Tiradentes (MG)*
Termina neste fim de semana a 20ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, realizada na histórica cidade mineira e que, ao longo das duas últimas décadas, tornou-se uma referência para o lançamento de filmes independentes nacionais – o que inclui a produção inteira da chamada novíssima geração de cineastas brasileiros.
Diversos debates com curadores, diretores premiados nos últimos anos e críticos de todo o país marcaram esta comemorativa edição do festival, que apostou em uma espécie de balanço do cinema brasileiro independente no período. A mostra competitiva Aurora, mais destacada do evento, está completando 10 anos –ocasião que também tem motivado discussões retrospectivas em seminários, alguns destes realizados do lado de fora da sala de cinema, que está montada sob uma grande tenda em uma das praças de Tiradentes.
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– Muita gente diz que os filmes de Tiradentes têm alcance restrito, mas o público do Cine Tenda, com sua diversidade, demonstra o contrário – disse o crítico carioca Pedro Butcher, mediador de um desses seminários, após a intervenção de um espectador, que relatou ter visto um filme (o longa experimental Lamparina da Aurora, do maranhense Frederico Machado) ao lado de uma criança de 10 anos.
No total, cabem mais de 2 mil pessoas sob a lona de Tiradentes, quase a metade disso na sala de projeção, que tem atraído no mínimo 500 espectadores por sessão – e tem sua lotação completada pelos cinéfilos que prestigiam os bate-papos do lado de fora da sala.
Além do Cine Tenda, outra praça da cidade recebe projeções a céu aberto. A contar também as exibições em um auditório, são realizadas diariamente de cinco a seis sessões de filmes, todas gratuitas, com curtas e longas-metragens selecionados para quase 10 mostras – só de longas houve 157 inscritos, revela o curador Cleber Eduardo, que escolheu 34 entre estes.
Entre os títulos mais elogiados até aqui estão Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé, exibido na mostra não competitiva Horizontes, e Baronesa, de Juliana Antunes, que abriu a mostra Aurora na segunda-feira. Também mobilizaram o público e reuniram pequenas multidões em Tiradentes os documentários Pitanga, que Beto Brant e Camila Pitanga dedicaram ao ator Antônio Pitanga (pai de Camila), e A Destruição de Bernardet, de Cláudia Priscila e Pedro Marques, sobre o crítico, pesquisador, roteirista e ator Jean-Claude Bernardet.
A cerimônia de encerramento está marcada para as 22h30min de sábado, quando serão entregues os seis troféus do festival – três pelo júri da crítica, dois pelo júri popular e um pelo júri jovem. A atriz Leandra Leal, que comemorou 20 anos de carreira no cinema e estreou na direção com o documentário Divinas Divas, e a atriz e diretora Helena Ignez, que a partir desta edição dá nome ao troféu que será entregue a um destaque feminino do evento, foram as duas homenageadas.
* O repórter viajou a convite da Mostra de Tiradentes