Star wars – O despertar da força (2015), de J.J. Abrams, passou com louvor pelo desafio de reviver a saga criada por George Lucas em 1977. O filme arrecadou mais de US$ 2 bilhões no mundo inteiro com uma fórmula infalível, que praticamente copiava o filme original da série, hoje conhecido como Star wars: Episódio 4 – Uma nova esperança. Mas a estreia de Rogue one: Uma história star wars, nesta quinta-feira no Brasil, representa a verdadeira prova de fogo: uma produção que se passa nesse universo, mas sem nenhum dos personagens já conhecidos pelo público.
Como em O Despertar da Força, a protagonista é uma mulher, Jyn (a inglesa Felicity Jones), que se junta a Cassian (o mexicano Diego Luna), Chirrut (o chinês Donnie Yen), Baze (o chinês Jiang Wen), Bodhi (o inglês Riz Ahmed) e o droide K-2SO (o americano Alan Tudyk) para roubar os planos da Estrela da Morte, um evento citado em Uma nova esperança.
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O australiano Ben Mendelsohn é o vilão Orson Krennic – pelo menos até a aparição de Darth Vader. Krennic é o homem por trás da criação da Estrela da Morte, tornada possível por causa do projeto do cientista Galen (o dinamarquês Mads Mikkelsen), pai de Jyn.
O elenco multinacional é uma das marcas do novo longa-metragem.
– O maravilhoso em Rogue one é que se trata de um grupo de pessoas de diferentes nacionalidades, raças, línguas, que se juntam por um objetivo comum. Isso é vital para nossa sociedade – disse Jones em entrevista à reportagem, em São Francisco. – É como deveríamos estar nos comportando. É importante neste momento que tenhamos união.
Para Diego Luna, trata-se de uma abordagem mais moderna que a de Star Wars:
– Vivemos num mundo diferente, hoje. Isso se reflete também numa definição menos clara do certo e do errado, do bem e do mal. É um mundo mais complexo também, em que muitas vezes a decisão certa parece algo horrível de fazer. Essas pessoas estão em guerra. São os heróis que podemos ser, gente comum fazendo coisas extraordinárias, na base da convicção e do trabalho em equipe.
Por ser um filme de guerra, o diretor Gareth Edwards procurou inspiração em fotos de conflitos e clássicos como Apocalipse now.
– Sempre achei Star Wars muito realista. Parecia um mundo para o qual poderia ir. Nos blockbusters modernos, tudo ficou mais lustroso. Não são mais como os filmes que cresci vendo – afirmou Edwards ao Estado. – Por ser, em teoria, um filme de época dos anos 1970, tivemos desculpa para colocar mais realismo. Temos muitas cenas com a câmera na mão, mais documental, como se a equipe estivesse infiltrada nessas zonas de guerra em que tenta sobreviver, junto com os personagens.
Houve certa apreensão quando foram anunciadas filmagens extras, que tomaram boa parte do ano e contaram com a ajuda de Tony Gilroy. Mas a produtora Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, explicou que a empresa procura "auteurs".
– Queremos apoiar os cineastas e sua visão – afirmou, referindo-se aos filmes que não contam com os personagens originais (além de Rogue One, está em produção um outro sobre o jovem Han Solo). – Não há livro de regras para esses filmes. Isso está de acordo com o espírito de George Lucas, que sempre foi a favor da inovação – acrescentou Kathleen.