O êxito de Tubarão (1975) reavivou no cinema o ancestral fascínio humano por criaturas marinhas perigosas e misteriosas, cujos relatos vêm encantando desde as narrativas homéricas e chegam até os documentários do explorador francês Jacques Cousteau – passando por romances clássicos como Moby Dick, de Herman Melville, e Vinte mil léguas submarinas, de Júlio Verne. Águas rasas é o mais recente título do subgênero "filme de tubarão", dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra – realizador do suspense de terror de sucesso A órfã (2009) e de três thrillers de ação com Liam Neeson: Desconhecido (2011), Sem escalas (2014) e Noite sem fim (2015). Em Águas rasas, o cineasta combina esses dois estilos cinematográficos para mostrar a luta pela sobrevivência de uma jovem surfista encurralada por um enorme tubarão em uma praia isolada.
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A protagonista do longa que entra em cartaz hoje na Capital é a bela Blake Lively, que também está no elenco de Café society (2016), de Woody Allen – estreando igualmente nesta quinta-feira. Em Águas rasas, a atriz vive uma estudante americana que larga o curso de Medicina e viaja até a paradisíaca praia mexicana preferida de sua mãe, morta há pouco vítima de câncer. Nancy passa o dia surfando nesse pico secreto, acompanhada por dois rapazes que já estavam no local. Depois que os surfistas mexicanos vão embora, a garota gringa volta para o mar – e então é atacada por um gigantesco tubarão, que a obriga a refugiar-se em um pequeno recife de corais. Ferida e sozinha, a heroína precisa achar um jeito de escapar do animal que ronda obstinadamente a diminuta ilha rochosa, antes que a maré suba submergindo seu precário abrigo.
Águas rasas mantém o espectador tenso durante quase todos os seus pouco menos de 90 minutos, atento a cada detalhe da história e à evolução da dinâmica entre presa e predador. Blake Lively dá conta do papel de mocinha em apuros, mas com sangue-frio suficiente para brigar com o monstro carniceiro. Merecem destaque ainda a fotografia de Flavio Labiano, especialmente nas imagens de surfe, e a ilustrativa música de Marco Beltrami – compositor que assina também a grandiloquente trilha de Ben-Hur (2016). Uma curiosidade: Águas rasas conta no elenco com Óscar Jaenada, ótimo ator espanhol premiado por Cantinflas: A magia da comédia (2014), cinebiografia em que encarna o comediante mexicano Mario Moreno.
Se o diretor Collet-Serra acerta a mão no ritmo e nas sequências de ação de Águas rasas, derrapa na tentativa de justificar a jornada sentimental de Nancy – as cenas em que a personagem recorda-se da mãe e nas quais fala pelo celular com o pai e a irmã mais nova parecem artificiais e esquemáticas.
ÁGUAS RASAS
De Jaume Collet-Serra
Suspense, EUA, 2016, 87min.
Estreia nesta quinta no circuito de cinemas
Cotação: 3/5