Há 66 anos, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) levava ao público sua primeira exposição, realizada na galeria Casa das Molduras. Foi lá que a instituição, que se tornaria uma das mais importantes do Estado, começou a se consolidar. Relembrando a ocasião, o Margs promove, a partir deste sábado (11), uma viagem no tempo: retorna a 1955 para revisitar a 1ª Exposição de Arte Brasileira Contemporânea, trazendo 19 das 55 peças da mostra original no primeiro andar de seu prédio histórico, na Praça da Alfândega, na Capital.
Francisco Dalcol vem se dedicando ao projeto desde que assumiu a direção do Margs, em 2019. Foram necessários três anos de investigação de documentos e outras fontes para determinar quais foram as obras expostas. Em conjunto com o grupo de estudos da Associação de Amigos do museu, conseguiu resolver parte do quebra-cabeça. Agora, o público pode conferir o acervo composto por peças de Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Frank Schaeffer e Portinari, entre outros.
— Essa exposição é um fato histórico porque nos permite resgatar as origens do Margs, que está entre os museus mais importantes do Brasil. Em um país que tem muitas dificuldades quanto à preservação da memória, ele colabora para essa construção da memória cultural e artística e, mais especificamente, sul-rio-grandense — afirma Dalcol.
Também estão expostas nas paredes reproduções em grande escala de duas reportagens sobre a mostra de 1955. Esses documentos, coletados durante o processo de pesquisa de Dalcol, oferecem aos visitantes a oportunidade de identificar algumas das obras em exibição, bem como visualizar a maneira como elas foram expostas há seis décadas.
Homenagem
A fundação do museu remonta a 1954. Foi somente em 1957 que ganhou um espaço próprio, no foyer do Theatro São Pedro, seguido de uma mudança para a sobreloja do Edifício Paraguay, no antigo Cotillon Club, em 1973. Em 1978, estabeleceu-se definitivamente no prédio da antiga Delegacia Estadual do Ministério da Fazenda, onde está localizado até hoje.
Ao pintor e professor Ado Malagoli foi incumbida a missão de não somente fundar o Margs, mas buscar as primeiras obras de arte que iriam compor a coleção da instituição. Chegou até a receber apoio do governo do Rio Grande do Sul para viajar a outros Estados para comprar peças. Hoje, são mais de 5,1 mil no acervo.
Como forma de complementar o esquema expositivo e homenagear Malagoli, estão nos outros espaços da instituição as obras adquiridas por ele até o final de sua gestão, em 1959. Entre elas, figuram as emblemáticas A Dama de Branco (1906), de Arthur Timótheo da Costa, e Almofada Amarela (1923), de Leopoldo Gotuzzo.
— Com essa remontagem, estamos trazendo ao público um recorte que é um dos mais representativos do museu. São obras que também têm muita procura de outras instituições e mesmo de fora do Brasil. O público vai ter a oportunidade de ver todo esse conjunto reunido, o que é muito raro — diz Dalcol.
A mostra 1ª Exposição de Arte Brasileira Contemporânea: 1955/2021 está aberta para visitas individuais gratuitas de terça-feira a domingo, das 10h às 19h, com último acesso às 18h30min. Já as visitas mediadas podem ser agendadas no site para grupos de até seis pessoas.