Com uma live de lançamento, no dia 31 de agosto, às 20h, pelo Facebook (bit.ly/3kkExRr), o livro Escaler, que conta a história do folclórico bar, chega, finalmente, ao público.
A obra (196 páginas, Editora Ballejo Cultura & Comunicação, R$ 71) é o resultado do depoimento de Antônio Carlos Ramos Calheiros, mais conhecido como Toninho do Escaler, ao jornalista e escritor Paulo César Teixeira, mais conhecido por Foguinho, que reconstitui a trajetória do bar que melhor simboliza a efervescência dos anos de 1980, e que reuniu os últimos muito loucos do século 20. Localizado no Mercado do Bom Fim, na Redenção, esquina com o parquinho da roda gigante, a geração que viveu as décadas de 1980 e 1990, lá se encontrava para celebrar a vida, entre amigos, risos e shows, bebendo a cerveja mais gelada do, então, bairro mais boêmio e reduto cultural da capital gaúcha.
Toninho e Foguinho recuperam aqueles dias, e, principalmente aquelas noites, passadas sob os jacarandás e o brilho da lua. O Escaler, bar fundado em 1982, por um marujo desembarcado às margens do Parque Farroupilha, era o mais importante ponto de convergência da moçada, até 2003.
Inscrito na memória afetiva de duas ou três gerações como espaço privilegiado de diversão e arte, o Escaler acumulou milhares de histórias na lembrança e na imaginação dos que por lá aportaram. Já estava mais do que na hora de contá-las e as reviver. É o que faz neste livro o dono do bar – antes de tudo, um agitador cultural –, que soube direcionar energias plurais sem retirar a fluidez e a espontaneidade.
O bar reunia uma plêiade de tribos tão díspares quanto punks, góticos e metaleiros, que se juntavam aos remanescentes da onda hippie e aos primeiros rappers da praça.
— Tinha tudo a ver com a concentração de pessoas ligadas à arte e à cultura — anota o saxofonista King Jim, um dos fundadores da banda Garotas da Rua.
— Era o gueto underground da cidade — diz Marco Aurélio Lacerda, o Coié – líder das bandas de blues Neon e Rabo de Galo.
— O Escaler foi o local mais libertário e revolucionário do Bom Fim. Em parte, pela sensação de liberdade de se estar ao ar livre, junto à Redenção, mas também – e principalmente – pela proposta do bar, que se somava à onda da contracultura — analisa o jornalista Emílio Chagas.
Aquele, foi o Território Livre do Bom Fim consagrado no fumódromo durante o verão da lata. O show do Bebeto Alves, assistido por uma multidão, lotou a Avenida José Bonifácio e cancelou a missa dominical na Igreja Santa Terezinha.
Campanhas como “Vote para Presidente”, que depois da apuração deu Brizola na cabeça, “Cometa Amor no Escaler”, quando Toninho instalou um telescópio para que se pudesse ver o cometa Halley da porta do bar, ou “Escaler e os Discos Voadores”, lançando bandas independentes, entre tantas outras, animavam o pedaço.
O Circo Escaler Voador, sob uma grande lona junto ao Gigantinho, trouxe para apresentações em Porto Alegre, gente como Rita Lee, Tetê Espíndola, Titãs, Lobão, Ultraje a Rigor e muitos outros. Houve, ainda, as reuniões dançantes aos domingos, que deram origem ao Baile da Cidade.
Memórias como: O candidato Toninho do Escaler, o Verde Maduro, a Lei Seca no Bom Fim, a repressão policial nas madrugadas da Avenida Osvaldo Aranha, o Fim do Sonho, o Exílio nas Bandas Orientais, são algumas das histórias que o Toninho conta no livro. Desfrutemo-las como se navegássemos num bote salva-vidas (afinal, a palavra escaler significa isso) em meio a tempos caretas e sombrios. Tenho certeza, não haverá enjoo nem ressaca.
Mais informações sobre a obra podem ser adquiridas pelos telefones (WhatsApp) (53) 98143-4473 e (51) 99918-5863, ou pelos e-mails puntal@bol.com.br, paulocesar.teixeira@uol.com.br.