Na fachada, o solar reflete a sombra de uma magnólia centenária. No interior, guarda a memória cultural da Capital como sede do Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo, que reúne acervo de 9 mil fotografias dos séculos 19 e 20, além de 400 antigos cartões postais. Conta ainda com 1,3 mil itens coletados de construções prestes a serem inventariadas, a exemplo de objetos de decoração, instrumentos musicais, móveis e vestimentas. Já a coleção arqueológica abarca 200 mil registros da ocupação indígena anterior à colonização portuguesa, como peças de louça, cerâmica, vidro, metal, couro e pedra.
Quando foi inaugurado, em 1855, o Solar da Magnólia — como ficou conhecido — era a casa de veraneio de Lopo Gonçalves (português da Freguesia de São Miguel de Gêmeos de Bastos, nas proximidades de Braga), um dos homens mais influentes da Capital ao longo do século 19. Além de próspero comerciante — vendia produtos importados, alimentos e escravos — e fundador da Praça do Comércio (antiga denominação da Associação Comercial de Porto Alegre), elegeu-se duas vezes para a Câmara de Vereadores. Para se refugiar com a família na estação mais quente do ano, ele escolheu o endereço bucólico da Rua da Margem (atual João Alfredo), à beira do Riacho Dilúvio, que, inclusive, abastecia de água potável o casarão.
Após a morte de Lopo Gonçalves, em 1872, o solar ficou nas mãos de seus herdeiros até 1946, quando foi vendido para Albano José Volkmer, que ali instalou uma fábrica de velas. Em 1966, passou para o controle do Serviço de Assistência e Serviço Social dos Economiários, que pretendia demoli-lo a fim de construir um núcleo residencial para os empregados do setor, projeto que — menos mal — nunca saiu do papel. Em 1976, teve início o movimento reunindo poder público, jornalistas e intelectuais em favor do tombamento do prédio pelo patrimônio histórico, o que se concretizou em 1979, dois anos após a prefeitura adquiri-lo através de permuta.
Foi quando surgiu a ideia da implantação de um museu que preservasse a história da capital dos gaúchos. Em 1982, após ser restaurada, a edificação foi ocupada pelo Museu de Porto Alegre, que havia sido criado três anos antes, tendo se instalado provisoriamente na Rua Lobo da Costa. No começo da década de 1990, a instituição alterou o nome para Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo, em homenagem ao historiador e criador da Secretaria Municipal de Cultura.
Além do acervo de fotografias históricas e peças arqueológicas, o museu apresenta exposições presenciais e virtuais. Antes da pandemia, o casarão recebia mais de 20 mil pessoas por ano, boa parte formada por estudantes em visitas guiadas. Atualmente, em razão do coronavírus, está atendendo apenas com agendamento prévio, que pode ser feito de preferência pelo e-mail museu@smc.prefpoa.com.br, mas também pelo telefone (51) 3289-8275. Recomenda-se ficar atento às postagens do museu nas redes sociais com preciosos relatos acerca de cenários, personagens e episódios da história da Capital, sempre ricamente ilustrados com imagens do acervo da instituição.