Do historiador Sérgio da Costa Franco, autor da fundamental obra Porto Alegre – Guia Histórico, que contém um verbete, com informações preciosas, para cada uma das principais ruas da capital gaúcha, recebemos a seguinte mensagem:
Prezado. Quando eu pesquisava sobre nomes de ruas, me deparei com três homenageadas desconhecidas: Dona Gabriela, Dona Ondina e Dona Augusta. Investigando a respeito, recebi uma carta muito esclarecedora do Dr. João Carlos Silveiro, advogado com ligação com a família Silveiro. Em carta que ainda guardo em meu arquivo, ele me informou que Gabriela e Ondina eram suas primas, filhas de um de seus tios. Ele as conhecera e com elas privara. Mas Augusta não existia: Augusto era o nome do pai delas. A prefeitura tinha feito a confusão nas placas, e lá está até hoje uma homenagem a pessoa que nunca existiu. É mais uma das piadas de nossa alegre Capital. Abraço do teu velho colaborador, Costa Franco.”
Com exceção da inexistente Augusta, todas as outras pessoas citadas são descendentes da família Silveiro. O patriarca Dionísio de Oliveira Silveiro nasceu em Portugal, na cidade de Souzel, por volta de 1802, e morreu em Porto Alegre, em 1871. Ele era médico e estabeleceu-se na Capital ainda jovem, casando-se, em 1832, com Rafaela da Silva Freire, uma das filhas do coronel Vicente Ferrer da Silva e neta do brigadeiro Rafael Pinto Bandeira.
Em 1836, tendo falecido a sua primeira esposa, Dionísio casou-se com uma irmã dela, Maria Sofia da Silva Freire, com quem teve descendência. Já em 1854, possuía uma grande chácara no morro de Santa Tereza e no Cristal. A sede dessa chácara é um sobrado que sobrevive na Travessa Paraíso, no bairro Santa Tereza. Dionísio foi o doador dos terrenos onde foram construídos a Igreja da Conceição e o Hospital da Beneficência Portuguesa.
Com exatamente o mesmo nome do pai, nasceu no Rio de Janeiro, em 1840, e foi batizado em Porto Alegre, em 1844, o advogado que exerceu a magistratura como juiz municipal e de órfãos na década de 1870 e que se casou com Rosa Cabeda Silveiro, deixando grande descendência. Foi esse segundo Dionísio de Oliveira Silveiro que deu nome à conhecida Rua Silveiro que sobe da Rua José de Alencar até o topo do morro de Santa Tereza.
As ruas Dona Ondina, Dona Gabriela e Dona Augusta são todas elas vizinhas e pertencem aos bairros Menino Deus e Santa Tereza. Elas já constam nas plantas municipais de 1896, mas sem o tratamento “dona”, posteriormente acrescentado.