No último dia 7, para marcar o aniversário de 262 anos da morte de Sepé Tiaraju, o Almanaque Gaúcho publicou trecho de um poema que homenageia o mítico herói da Guerra Guaranítica (1753-1756).
A Batalha de Caiboaté, ocorrida em 10 de fevereiro de 1756, foi uma das mais sangrentas batalhas da Guerra Guaranítica. Na chacina, foram trucidados cerca de 600 missioneiros, havendo outros tantos fugitivos com Nenguirú e 150 capturados como escravos dos prepotentes exércitos invasores. A batalha foi travada na localidade de Caiboaté Grande, interior da cidade de São Gabriel.
Hoje, nessa localidade, há um monumento em homenagem às vidas perdidas no confronto, além de uma cruz de cinco metros de altura em alvenaria, que substituiu uma cruz de toras de madeira cravada no local por padres jesuítas logo após a batalha.
A propósito, recebemos a seguinte mensagem:
Geralmente – após lançar os olhos sobre a capa de ZH –, folheio até o Almanaque Gaúcho.
Hoje, não foi diferente...Que bela surpresa: comemorar juntos esta marcante data gaúcha! Realmente, Sepé merece este significativo destaque, pois sua singular figura continua ainda não sendo suficientemente reconhecida, mormente nos tempos atuais: resistência aos poderosos usurpadores.
Poderia oferecer algum reparo à origem do lunar. Por ora, apenas: em realidade, constituiu a cicatriz em sua testa, provocada pela terrível escarlatina (NR: doença infectocontagiosa, caracterizada por febre alta, erupção escarlate e descamação), a qual vitimou fatalmente seus progenitores lá em São Luiz Gonzaga, mas da mesma salvou-o a medicação botânica do cura Segismundo Aspenger SJ. (Oportunamente talvez possa voltar mais acuradamente ao interessante assunto.)
Não poderia deixar de aproveitar este raro ensejo para analisar (embora mui perfunctoriamente) a questão vital da perentória proclamação do herói Sepé Tiaraju, que introduziu o seu oportuno texto. Eis que ele, ao repetir tão enfático seu decisivo grito: 'Ogué! Co ivi recó jara!', proclamou inequívoco: ‘Fora! Esta terra (já) tem usuário!’.
Eis que o termo 'jara' se presta a várias significâncias.Os missioneiros tinham tudo em comum, vivendo comunitariamente, segundo sua milenar herança ideológica do abambaé, ampliado nas Missões para tupambaé, sendo o primeiro de uso tribal e o segundo intertribal.
Por seu turno, a palavra 'dono' constitui valor tipicamente capitalista, o que eles desconheciam visceralmente, a propriedade privada. Por isso, não pode assim ser repetido a não ser pelos capitalistas...
Esta autêntica incongruência precisa ser superada entre nós, efetivando-se como genuína homenagem a este nosso verdadeiro herói, embora serodiamente (NR: tardiamente), antes tarde do que nunca!
Emiliano Limberger, coordenador do Instituto Pró-Memória Sepé Tiaraju