Não foram poucos vovôs e vovós de hoje, crianças ou adolescentes de ontem, que aguardavam ansiosamente a chegada semanal de O Tico-Tico, uma das primeiras revistas infantis, surgida em 1905, no Rio de Janeiro, distribuída em todo o Brasil.
Durante mais de meio século, suas edições fizeram o encanto e a alegria de milhares de crianças brasileiras com as singulares aventuras de Reco-Reco, Bolão e Azeitona, criação de Luiz Sá, ou dos Benjamin, Jagunço e Chiquinho, além dos infortúnios de Zé Macaco e Faustina, das seções Lições de Vovô, Correspondência do Doutor Sabetudo e da Caixinha do Saber, numa linguagem acessível, afora pequenas histórias adaptadas, como As Aventuras de Tom Sawyer, da Mark Twain, a Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, Cinco Semanas num Balão, de Júlio Verne, Robinson Crusoé, de Defoe, Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, entre outros clássicos, além de contos e lendas brasileiras, adaptados por bons profissionais. Com o auxílio de redatores especializados, era também lançado um concurso de contos.
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O sucesso alcançou imediatamente uma tiragem de 10 mil exemplares semanais, ao preço de 200 réis, durante 15 anos. Ao final de cada ano, era lançada uma edição especial com um maior número de páginas.
A ideia da criação desta publicação dedicada às crianças deveu-se ao jornalista Luiz Bartolomeu de Souza e Silva, também diretor da revista O Malho. O título coube à filha do criador, Carmem de Souza e Silva Westrlund, ao notar um tico-tico pousado num viveiro de pássaros existente no jardim de sua casa.
Com a chegada dos quadrinhos americanos, conhecidos como gibis, a partir de 1939, e de seus super-heróis, como Batman e o Super-Homem, entre tantos outros, além do início da televisão, mais tarde, o Tico-Tico, com sua linha didático-pedagógica, começou a declinar, encerrando a publicação em 1962.
Como indicava seu título original de batismo, O Tico-Tico alçou voo e percorreu todo o território nacional, pousando nos corações e mentes da gurizada, quando não de uma olhadela compartilhada pelos adultos. A Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, mantém toda a coleção.
Colaboração do jornalista Sérgio Dillenburg