Se você já viu alguém puxar do maço um cigarro sem filtro, bater a ponta dele levemente na caixa de fósforo, no isqueiro ou até na unha do polegar, certamente não "nasceu ontem"... Do mesmo modo, se um dia você já mergulhou a ponta de uma caneta-tinteiro no vidro em forma de losango para abastecê-la com a famosa "azul real lavável" super Quink, tenho certeza de que pode até estar atualizado, mas é uma pessoa do século passado.
Para os mais jovens, talvez seja difícil saber do que estamos falando, mas os "velhinhos" recordam do que se trata e, ao ver esses dois anúncios, vão lembrar do tempo em que eram crianças ou, pelo menos, jovens estudantes. A tinta era a Parker, marca consagrada de canetas de qualidade, mas muita gente, como eu, acionava o êmbolo da "velha" Compactor, de preço bem mais acessível, para sugar a solução que podia ser monitorada pelo mostrador transparente, através do qual víamos o líquido completando mais uma "carga".
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Reconhecimento à mestra
O texto enfatiza a qualidade que garante fixação "indelevelmente em caligrafia limpa, bonita e firme" enquanto se escreve. Salienta, ainda, "a confiança que se renova"...
Já a propaganda do cigarro, hoje proibida e politicamente mais incorreta do que nunca, associa o tabagismo ao "prazer" com que se contam as horas. O casal, a bordo de um veículo tão folclórico quanto obsoleto, quem sabe uma referência à "tradição e ao bom gosto", sorri enlevado, desfrutando do vício compartilhado, em busca da "espontânea alegria de cada gesto...".
Tudo sem o filtro do bom senso, agora praticamente imperdoável. Para situar no tempo, saibam que essa publicidade foi reproduzida da Revista Aconteceu, de dezembro de 1963.