Sensação do rádio em Porto Alegre nos anos 1950, coautora com Ziraldo de O Livro de Receitas do Menino Maluquinho (L&PM e Melhoramentos), fundadora da Casa da Criança, filantropa..., ela superou o câncer, a perda de duas filhas e do marido – o jornalista Roberto Eduardo Xavier – e ainda ganhou o maior prêmio do jornalismo gaúcho após voltar ao trabalho, já com quase 60 anos. Fé Emma Xavier, também conhecida como Tia Emma, lança hoje, às 18h, no Cristina Bistrô (Rua Cristóvão Colombo, 2.977), a sua autobiografia. A data escolhida, Dia Internacional da Mulher, não é por acaso, marca e mostra, exatamente, a força das mulheres. De bambina, nascida no interior de Caxias do Sul, em 1935, passando por ragazza, chegando a donna e hoje nonna, Fé Emma não deixa para trás as raízes e sua origem na serra gaúcha, nem mesmo quando fala das diversas fases de sua vida.
Nessa autobiografia, narra desde as dificuldades iniciais de uma "coloninha" de cinco anos, recém-chegada à Capital para residir com os tios, que operavam a então famosa Confeitaria Cruzeiro, até os sucessos como escritora e comunicadora – sem deixar de relatar as inevitáveis pedras no caminho. Da confeitaria, dona Fé, como a chamam carinhosamente os mais próximos, conquistou o seu mundo particular.
De jovem universitária, graduada em Nutrição e Dietética Hospitalar, passou, em poucas semanas, a estrela dos programas de auditório radiofônicos dos anos 1950. Foi participando do popular Dê Asas a sua Inteligência que conheceu as grandes paixões da vida inteira: o jornalista Roberto Eduardo Xavier e a comunicação. Fé Emma traz a história de uma mulher que superou o câncer, a perda de familiares próximos, as dificuldades com a deficiência visual. Como autora, esteve na lista dos livros mais vendidos, conviveu com dezenas de nomes da historiografia político-social recente do nosso Estado e, com quase 60 anos, ganhou o Prêmio ARI, da Associação Riograndense de Imprensa.
Fé Emma Piccoli Xavier é uma mulher especial, desde cedo envolveu-se com música e culinária, sempre interessada em aprender mais. Já com 81 anos, continua estudando na Universidade do Adulto Maior. "Possui uma enorme vontade de viver, nunca tendo desanimado, mesmo nas fases mais difíceis da sua vida, e apesar das recentes limitações visuais e de saúde", registra, no texto da contracapa da obra, a doutora em Física pela USP/SCarlos e pós-doutora em Maryland/EUA Vera Beatriz Peixoto de Freitas Campos. "Fé Emma e o marido, jornalista Roberto Eduardo Xavier, formavam o casal 20 daqueles tempos do jornalismo romântico e boêmio, onde, em vez de computadores ágeis e de celulares com muitos gigas, os repórteres dependiam de Olivettis e Remingtons mecânicas e barulhentas que produziam laudas com textos para impressão a chumbo", revela, em seu depoimento na orelha do livro, a jornalista e senadora Ana Amélia Lemos. Fé e Xavier foram almas gêmeas: na inteligência, no generoso afeto aos amigos e na educação de filhos, preparados para a vida.
O exemplo da mulher guerreira é o que a autora nos oferece: está nos ensinando que o sofrimento fortalece e que a vida merece ser vivida com toda a intensidade, afirma Ana Amélia.
São muitas as histórias para contar.