Nossa leitora Clarice de Medeiros curtiu a nota com o título "Phone truck", publicada na última quarta-feira, dia 8, sobre as dificuldades de comunicação que tinham aqueles que, no passado, já veraneavam no litoral gaúcho. Na mensagem enviada, ela escreveu:
"Phone truck. Muito bom! Era bem assim. Podias escrever sobre o controle de velocidade na estrada da praia que existia quando eu era bem guria (hoje tenho 70 anos). Aquelas cabines em que se anotava num cartão a hora e não podia chegar na próxima cabine antes de tal hora. Quando conto isto, todo mundo ri e nem os da minha idade se lembram. Estarei ficando lelé?".
Respondi a Clarice dizendo que boa memória é o contrário de estar lelé (desnorteado, maluco), e, embora já tenhamos abordado a existência desses Postos de Controle, nunca é demais refrescar a memória dos mais velhos e informar aos mais jovens como eram as coisas no passado.
Os postos eram instalados, nos verões das décadas de 1950 e 1960, pelo Daer (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) na RS-030 para coibir o excesso de velocidade. Quem saía da Capital para o Litoral encontrava o primeiro em Gravataí. Como se fosse uma primitiva cabine única de pedágio com janelas voltadas para cada uma das mãos da pista simples (sem divisão de ida e vinda), ali ficavam um relógio-ponto e um guarda. Para quem ingressava na via e ainda não possuía um cartão, o patrulheiro acionava a alavanca e, "plim!", carimbava o horário no papel grosso entregando-o ao motorista.
Os motoristas que vinham em sentido contrário entregavam o cartão para que o horário registrado no posto anterior fosse conferido visualmente pelo policial. Aqueles que mantinham a média de velocidade permitida chegavam na hora prevista. Quem chegava antes da hora é porque tinha corrido demais e... era multado. A viagem a Capão da Canoa levava por volta de três horas, com fluxo de trânsito normal. Em Santo Antônio da Patrulha, onde quase todos paravam para um lanche (sonhos e café ou refri), havia duas cabines, uma na entrada e outra na saída da cidade. Ali, entre as duas, o tempo ficava suspenso. Ao sair, ganhava-se novo cartão para ser entregue em Osório ou Gravataí, conforme o sentido de deslocamento do viajante. Os apressados, quando se davam conta da iminência da multa, costumavam parar numa sombra para um cigarro (sim, fumava-se muito) e deixar o tempo passar.
Vendo-se a foto noturna da freeway, de janeiro de 2016, acho que fica bem claro que, agora, aquele sistema, pré-autoestrada e pré-radar, teria alguma dificuldade em ser aplicado.