A ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) por pacientes com covid-19 no Rio Grande do Sul aponta 457 internados nesta terça-feira (12), indicando um ligeiro aumento de 3,8% com relação a 15 dias atrás, conforme estatísticas da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS). Em 27 de setembro deste ano, eram 440 pacientes nas UTIs do Estado.
Entre junho e o final de setembro, a média diária de internados em leitos intensivos mostrou tendência de queda. Porém, desde o dia 28 do último mês, passou a registrar aumento. Em 2 outubro, por exemplo, o crescimento chegou a 7,5% com relação aos 15 dias anteriores, conforme os dados do governo estadual. Segundo analistas, variações de até 15% nesse período podem ser consideradas como estabilidade.
Os números relativos à ocupação hospitalar auxiliam na análise para confirmar se a epidemia está ou não se agravando. A comparação da média móvel de internados de um dia em relação a duas semanas antes permite traçar análises mais seguras em vez de apenas confrontar o indicador com o do dia anterior.
A proporção de leitos livres de UTI se mantém com relação há duas semanas: são 2,98 leitos livres para cada ocupado. Atualmente, os pacientes confirmados com covid-19 representam 23,5% das internações em UTIs no Estado.
De acordo com a professora de estatística da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do GT Saúde do Comitê de Dados ligado ao Piratini, Suzi Camey, a tendência atual nas internações por covid-19 é de estabilidade. Porém, ela acrescenta, podem existir flutuações aleatórias - com semanas onde os números ficam se alternado entre mais e menos casos.
Suzi reforça algo que é consenso entre os analistas: é preciso aguardar mais semanas para compreender se este movimento é, de fato, um momento de piora ou apenas uma variação casual. Apesar disso, ela pontua algumas hipóteses para os atuais números de internações por covid-19 nas UTIs do Estado, pois ainda não há dados suficientes para determinar o que pode estar ocorrendo.
— Há, neste momento, o efeito dos surtos, principalmente, hospitalares. Um determinado surto num hospital pode fazer com que o número de internados cresça de uma hora para outra porque não tem todo o ciclo que acompanhávamos, com a infecção fora do hospital, a internação, o agravo da situação e, por último, a UTI — acrescenta a professora.
Suzi também destaca que tem se discutido uma mudança de comportamento no que diz respeito à indicação de encaminhamento para a UTI. Hoje, com a disponibilidade de leito, o encaminhamento para a UTI pode estar sendo mais precoce, sem espera pela piora do paciente para ele ser encaminhado. E também, em alguns casos, em pacientes mais jovens, o tempo médio de permanência na UTI pode ter aumentado.
Os pequenos aumentos registrados na ocupação ocorrem em um momento no qual o Rio Grande do Sul atinge maior cobertura vacinal, com 53,7% de toda a população com esquema completo e 76,4% com uma dose. O atual estágio de imunização, contudo, ainda não é suficiente para atingir a imunidade coletiva contra a covid-19.