Nesta terça-feira (25), a Pfizer anunciou que realizará testes clínicos da vacina Comirnaty em gestantes no Brasil. Atualmente, esse imunizante contra a covid-19 já é administrado para esse grupo mesmo sem terem sido concluídos estudos científicos que demonstrem a segurança da vacina nesse público. Isso ocorre porque o Ministério da Saúde entende, conforme parecer divulgado em abril, que os benefícios da vacinação em gestantes e puérperas superam eventuais riscos de reações adversas.
O estudo da Pfizer terá aplicação do imunizante em aproximadamente 200 grávidas saudáveis no país, a partir de 18 anos de idade. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) é um dos quatro centros que conduzirão a pesquisa, que ocorre também na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e em duas instituições de São Paulo, o Centro Multidisciplinar de Estudos Clínicos de São Bernardo do Campo e o de Sorocaba.
Os testes em território nacional fazem parte de um ensaio mundial da Pfizer que analisa, desde fevereiro, a vacina em cerca de 4 mil gestantes entre a 24ª e a 34ª semana de gestação. O estudo avaliará a segurança, a tolerabilidade e a imunogenicidade de duas doses do produto, administradas com 21 dias de intervalo. Além de monitorar a transferência de anticorpos de mãe para filho, pesquisadores acompanharão a criança até que complete seis meses de idade.
— As voluntárias serão seguidas de forma mais direta por uma equipe médica e terão exames realizados para saber o quanto elas criam de defesas. Depois, quando nascer, nós analisamos pelo cordão umbilical o sangue da criança, vemos se as defesas foram passadas para ela, então conseguimos avaliar a segurança desse imunizante para mãe e criança — afirma Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do HCPA.
Membros do HCPA se reuniram nesta terça-feira e determinaram que, a partir de quarta (26), começam as buscas pelas voluntárias. Para participar do estudo, que terá grupo placebo, a gestante não pode ter recebido anteriormente alguma vacina contra a covid-19, que será aplicada pelos profissionais condutores da pesquisa.
Perguntado sobre as dificuldades em encontrar mulheres grávidas que se encaixem nos critérios estabelecidos pelo estudo científico, tendo em vista que a vacinação desse grupo já está ocorrendo no RS em diferentes ritmos e critérios, o infectologista respondeu que poderá ser oferecido o imunizante para gestantes pouco vulneráveis para complicações da covid-19 e que ainda não tenham sido vacinadas. A aplicação da primeira dose da Pfizer irá ocorrer principalmente a partir da 27ª semana de gestação.
— Possivelmente será difícil encontrar as voluntárias, a depender de onde vierem. Sabemos que, na Capital, seria difícil, mas há muitas cidades da Grande Porto Alegre onde gestantes sem comorbidades ainda não estão sendo contempladas pelo programa municipal, então, vamos atrás delas — afirmou.