Pela sétima semana consecutiva, todo o Rio Grande do Sul está classificado em bandeira preta no mapa do distanciamento controlado. Segundo o governo do Estado, "devido à grande pressão sobre a capacidade hospitalar", as 21 regiões gaúchas apresentam altíssimo risco para o coronavírus.
O governo indicou que não há possibilidade de envio de pedidos de reconsideração ao mapa, por parte dos municípios, devido à gravidade do cenário. Também segue suspensa a regra zero-zero, a partir da qual municípios sem registro de óbito ou hospitalização de moradores nos últimos 14 dias poderiam adotar protocolos de bandeira imediatamente inferior. A cogestão regional, por sua vez, está valendo — o mecanismo permite que as regiões adotem protocolos próprios e mais flexíveis (locais que estão na bandeira preta, por exemplo, podem adotar protocolos da vermelha).
Além disso, no início da tarde desta sexta-feira (9), o governador Eduardo Leite anunciou, durante transmissão ao vivo pelas redes sociais, uma flexibilização geral nos protocolos de distanciamento controlado. As novas normal já estarão vigentes a partir deste sábado (10) e beneficiam supermercados, restaurantes, bares, academias, templos religiosos, parques, comércio não essencial e o transporte coletivo.
Entre as principais mudanças estão a autorização para abertura do comércio não essencial aos finais de semana e a ampliação do horário de funcionamento de bares e restaurantes. Todas as flexibilizações "estão condicionadas à intensificação da fiscalização por parte dos municípios, com apoio do Estado", disse o governo.
Conforme Leite, a redução no nível de restrições, demandado por entidades setoriais, prefeitos e deputados, só foi possível "graças ao compromisso firmado com os prefeitos para reforço na fiscalização", disse o Executivo em material divulgado nesta sexta. Até esta tarde, o Gabinete de Crise já havia recebido 402 novos planos municipais com os pré-requisitos exigidos para permitir a cogestão, entre os quais, a atuação de um fiscal para cada 2 mil habitantes.
O governo do Estado disponibilizará até R$ 4,4 milhões para que as prefeituras possam contratar fiscais. A Secretaria da Saúde (SES) também disponibilizou um roteiro para auxiliar na estruturação dos planos de fiscalização dos municípios. O auxílio financeiro só será liberado a partir do envio e da atualização desse plano.
Indicadores têm melhora, mas há poucas vagas de UTI
De acordo com o governo, mesmo com a melhora em indicadores de internação de leitos clínicos e de UTI e com a redução no número de óbitos, segue pequena a quantidade de vagas livres para tratamento intensivo na comparação com os ocupados.
A análise, por parte do governo, dos 11 indicadores do modelo de distanciamento controlado desta semana mostra que houve nova redução de 19% — de 3.743 para 3.048 — no número de pacientes com covid-19 em leitos clínicos. O número de internados em leitos de UTI também caiu. Nesse caso, 6%, de 2.489 para 2.341. E número de óbitos registrados teve queda de 31% nas últimas duas semanas, de 2.124 para 1.475.
Considerando o aumento de 1% no número total de leitos de UTI existentes e a redução de 3% no número de internados, houve nova elevação da razão de leitos de UTI livres para cada ocupado, segundo o Executivo. No entanto, a taxa de ocupação de leitos segue próxima a 100%, o que indica continuidade da pressão sobre o sistema hospitalar. Em algumas regiões, a operação segue acima da capacidade indicada. "Ou seja, quem adoecer neste momento ainda encontrará os hospitais lotados", diz o governo.