Pela nona semana consecutiva, o Rio Grande do Sul tem as 21 regiões covid classificadas em bandeira preta, nível mais alto de risco para o coronavírus do modelo de distanciamento controlado. O mapa, anunciado nesta sexta-feira (23), segue em vigência até 3 de maio. No entanto, como todas as regiões do Estado atuam sob cogestão, os municípios podem adotar protocolos mais brandos, até o nível de bandeira vermelha.
De acordo com o governo do Estado, nesta rodada houve melhora, na média estadual, no número de internados por covid-19 em leitos clínicos (-12%) e em UTIs (-10%). O número de registros de óbitos reduziu 24% em relação à semana passada.
"Mesmo com a melhora em indicadores da pandemia, todo o RS ficou na bandeira preta devido à trava de segurança do modelo que coloca as regiões nessa cor mesmo que alguma tenha ficado com a média mais baixa", disse o Executivo em material divulgado nesta tarde.
Com uma média de ocupação de leitos de UTI de 85,5%, o Estado tem 2.010 pacientes suspeitos e confirmados com covid-19 em unidades de terapia intensiva. Em 9 de fevereiro, havia 961 internados. Para comportar o aumento, ao longo do período de maior pressão do sistema hospitalar houve tanto expansão, com mais 713 leitos, quanto redução, de cerca de 200 pacientes não-covid.
Conforme o governo, "devido à gravidade do cenário", o mapa divulgado nesta sexta já é definitivo e não há possibilidade de municípios enviarem pedidos de reconsideração a classificação.
Educação em cogestão
Com o novo decreto estadual, publicado durante esta madrugada, o sistema de cogestão vale também para a educação, o que antes não era permitido. Assim, municípios que adotam a ferramenta estão autorizados pelo governo do Estado a retomarem aulas presenciais na Educação Infantil e no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental. Atualmente, todas as regiões gaúchas atuam sob o modelo.
Uma liminar judicial que impede a abertura das escolas no RS, no entanto, segue em vigor. Nesta manhã, o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, afirmou que o Estado tenta derrubar a medida, mas que a edição das novas regras está em conformidade com a decisão.
Em relação ao retorno de atividades presenciais, o governador Eduardo Leite afirmou que a população deve seguir respeitando os protocolos de segurança para que as flexibilizações sejam feitas.
— É importante que a população entenda que o risco ainda é alto, especialmente em função do quadro de ocupação hospitalar. Os leitos de UTI SUS estão com 82% de ocupação e os leitos privados, mais de 95%. Ainda é um indicador alto e, por isso, as pessoas precisam ajudar cumprindo protocolos, denunciando casos de aglomerações e descumprimento de regras pelo disque-denúncia. Por isso, mantivemos a trava de segurança com o RS em bandeira preta, para que entendam que embora a situação esteja melhorando, não está confortável — disse Leite em transmissão ao vivo.
O mesmo decreto contempla as novas regras anunciadas na quinta-feira (22) para restaurantes, cujo horário de atendimento ao público foi ampliado até as 22h (com saída até 23h) nos fins de semana e feriados, e os novos protocolos para parques, museus, condomínios e competições oficiais na bandeira vermelha.
Pelo decreto do governo, estão permitidas atividades presenciais de ensino e cuidados de crianças nos seguintes casos:
- Educação infantil, aos 1º e 2º ano do Ensino Fundamental
- Plantões para atendimento aos alunos de Ensino Médio Técnico Subsequente, de Ensino Superior e de pós-graduação
- Estágio curricular obrigatório, de pesquisas, laboratoriais e de campo, e de outras consideradas essenciais para a conclusão de curso e para a manutenção de seres vivos, conforme normativa própria
- Cursos de ensino profissionalizante, de idiomas, de música, de esportes, dança e artes cênicas, e de arte e cultura (chamados cursos livres)