Quem caminhava ao fim da tarde deste sábado pelo centro de Capão da Canoa percebia que o clima estava diferente dos últimos finais de semana. Além do movimento menor do que no Carnaval, havia também muita incerteza e reclamação por parte de comerciantes. Todos que conversaram com a reportagem de GZH compreendem o momento difícil da pandemia, mas reclamam que terão perdas financeiras com o fechamento mais cedo dos estabelecimentos. Outra preocupação é com a chamada cogestão. A torcida de quem depende das vendas na região é de que ela possa continuar sendo aplicada e o comércio de regiões em bandeira preta não precise fechar as portas.
— A medida é extremamente importante. Já se imaginava que isso pudesse acontecer. Mas nossas vendas vão cair com o fechamento mais cedo. O pico do meu movimento é 10 da noite — ressalta Regis Severo, 48 anos, proprietário de um restaurante de carnes exóticas, que disse que apesar de tudo está “bastante otimista para o restante do ano”.
Um dos restaurantes mais tradicionais do centro de Capão da Canoa tinha os primeiros clientes chegando quando a reportagem esteve no local, por volta de 19h. Proprietária do local há mais de 40 anos, Gislane Pires, 66, diz que amarga queda nas vendas de 65% nesta temporada em relação à anterior. É mais uma que compreende o momento crítico, mas lamenta que terá prejuízo.
— O que importa é manter a vida. Mas vou perder dinheiro. Meu público começa a chegar forte às 20h30min. A partir das 21h15min, terei que suspender novos pedidos para às 22h estar fechado — lamenta a empresária.
Para o dono de um quiosque que fica próximo ao Largo Baronda, em Capão da Canoa, o governador poderia ter esperado o fim da temporada para publicar o novo decreto.
— Falta tão pouco para acabar (a temporada). Por que não espera para trancar em março isso? A nossa torcida é que, pelo menos, a gente não precise fechar as portas — disse Tiago Martins, 33, numa referência à reunião do governador com prefeitos, quando vai propor o fim da cogestão.
Com uma loja de artigos femininos no centro da cidade, Sandra Renata Kich, 32, reclamava das vendas durante a temporada. Acredita que nos seu ramo, o fechamento às 22h não vai refletir tanto.
— A gente fecha às 23h, dependendo do movimento. Mas a partir das 22h pouca gente compra. O comércio tipo o meu está se recolhendo mais cedo nesta temporada — afirma a comerciante, que se diz confiante de que continuará vigorando a bandeira vermelha na região, permitindo que os estabelecimentos fiquem abertos durante o dia.