Bastava ouvir um toque de gaita que Firmino Carniel, 81 anos, se entusiasmava. Pudera, como gaiteiro animou muito baile na colônia durante a juventude. Nascido em Garibaldi, ele continuou morando a vida toda na região em que se criou, Boa Vista do Sul, um antigo distrito garibaldino transformado em município. E foi em Garibaldi que Carniel buscou auxílio contra o coronavírus, que acabou acarretando sua morte, em 5 de maio.
Carniel e toda a família vivem do setor primário. Possuem uma granja em que produzem leite e queijo, produtos tradicionais na região de Garibaldi, além de plantar uva. Ele morava com a mulher, Carmelina, a filha, Oneides, e um genro.
— Era um nono (vovô) bem animado, passou a vida animando festas comunitárias com sua gaita, dançando. Todo domingo tinha churrascada na granja, ainda agora. Ele gostava de jogar carta e também de bocha com os amigos — descreve outro dos genros, Aécio Toretti.
Nos últimos tempos a vitalidade foi substituída pela preocupação constante com os problemas de saúde, diz Aécio. O nono Carniel era hipertenso, diabético e tinha problemas respiratórios.
— Ele tomava uns 20 comprimidos por dia e internava umas duas vezes por ano em hospital. A gente estava preocupado — resume Aécio.
Carniel foi internado pela última vez no final de abril, no hospital São Pedro, em Garibaldi. Estava com uma tosse contínua e febre. Os familiares desconfiaram de coronavírus, o que acabou se comprovando em exames. O produtor de leite ficou num quarto comum. Permaneceu conversando, lúcido, relata Aécio. Até que um dia a falta de ar pegou forte e ele não resistiu. Morreu no dia 5. Foi sepultado no cemitério de Linha Silveira Martins, distrito onde vivia, em Boa Vista do Sul.
Carniel deixou a viúva, Carmelina, os filhos Gilmar, Oneides, Ivonete e Marizete, nove netos e três bisnetos.