Construído em 30 dias em meio à pandemia, o novo hospital de Porto Alegre, localizado na Zona Norte, passará a atender pacientes com coronavírus partir de 15 de junho. A expectativa é de que a casa de saúde receba pessoas que recém tenham saído de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
A estrutura, anexa ao Hospital Independência (HI), tem 60 leitos, com média de seis camas por quarto e cada quarto com 50 metros quadrados. A previsão é de que equipamentos de suporte cardíaco e de ventilação cheguem à casa de saúde na próxima semana.
Ao todo, cem profissionais das mais diversas áreas da saúde trabalharão na unidade. Do total, 70 devem começar o treinamento técnico na segunda-feira (1º), segundo o Angelo Chaves, diretor-técnico da Rede Divina Providência, que realiza a gestão do hospital.
— Como atenderemos pacientes com covid-19, o protocolo é diferente e os cuidados devem ser redobrados. Esse treinamento implicará no cuidado com o uso de máscaras, luvas, aventais impermeáveis, capas de proteção de acrílico e macacões — diz.
Chaves ressalta ainda que, na quarta-feira (3), deverá ocorrer uma reunião entre a rede e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para que seja estabelecido o regramento de transferência dos pacientes com coronavírus das UTIs para o hospital.
A partir do dia 15 de junho a unidade hospitalar passará a receber os pacientes com coronavírus - de média e baixa complexidade. Conforme Maria Netto, diretor de Propósito e Desenvolvimento da Rede Divina Providencia, o objetivo do novo hospital é desafogar o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e o Hospital Nossa Senhora da Conceição, referências no atendimento de casos de maior complexidade:
— Quando os pacientes de covid-10 não tiverem mais a necessidade de suporte de UTI eles serão encaminhados para cá para que o tratamento seja finalizado. Isso implica atendimento e acompanhamentos medicamentoso, com fisioterapia, fonoaudiologia entre outros. A lógica é abrir espaço nas UTIs desses hospitais que atendem casos mais complexos para que novos pacientes que precisem de internação possam contar com esse serviço.
Ganho permanente para Porto Alegre
O hospital oferecerá atendimento 24 horas e os serviços serão voltados exclusivamente a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A gestão do local será da Rede de Saúde Divina Providência. Posteriormente, o espaço será entregue para administração da prefeitura de Porto Alegre. Assim, passará a integrar a rede pública da Capital.
Para o prefeito Nelson Marchezan, a construção é um legado:
— Essa ampliação permite que o anexo tenha acesso a todas as estruturas hospitalares necessárias para o tratamento da covid-19, o que é muito melhor do que uma estrutura de campanha e mais do que isso deixaria o legado para a cidade e usuários do SUS que vai ampliar a escala de atendimento.
Em relação ao aumento de números casos confirmados de coronavírus em Porto Alegre, ele disse que isso se deve ao alto grau de testagem.
— É importante ter consciência que casos da doença vão aumentar, porque aumentou a nossa capacidade de testagem. O nosso nível de testagem será acima da média brasileira, mas vale notar que o número de óbitos vem se mantendo estável na cidade, o que não podemos admitir é que as pessoas morram por falta de atendimento médico. E esse é o diferencial de termos uma estrutura hospitalar — pontuou.
Construção mais rápida do Brasil
Trinta dias. Esse foi o tempo que a estrutura levou para ser construída. Para isso, foi empregada a técnica chamada de construção modular. Nela, módulos são produzidos em uma fábrica e, no local da obra, são encaixados uns aos outros, como se fosse um jogo em que é preciso montar as peças.
A responsável pela estratégia é a construtora catarinense Brasil ao Cubo. A técnica modular permite a entrega de empreendimentos com velocidade quatro vezes superior à de um projeto comum, diz Jonatahn Degani, sócio-diretor da companhia:
— Trabalhamos em seis frentes de trabalho espalhadas nas três cidades da Região Sul. Trabalhávamos em dois turnos manhã na construção e encaixe dos módulos e de noite no transporte das peças para Porto Alegre. Assim, conseguimos otimizar tempo para salvar vidas e entregar o hospital em tempo recorde. Essa foi a construção hospitalar mais rápida do país.
Com investimento de R$ 10,4 milhões, a estrutura é resultado de uma parceria entre as empresas Gerdau, Ipiranga, Zaffari e Hospital Moinhos de Vento.