Um dos principais modelos utilizados pela Casa Branca para monitorar os números sobre o coronavírus projetou um cenário bastante sombrio para os brasileiros nos próximos meses.
Segundo dados divulgados esta semana pelo IHME, instituto de métrica da Universidade de Washington, 88.305 pessoas podem morrer por covid-19 no Brasil até 4 de agosto. O modelo usa uma janela de intervalo ampla, que no caso brasileiro varia de 30.302 a 193.786 mortes no período, mas indica que a curva de óbitos só aumenta até lá.
As projeções mostram que o pico de mortes diárias no Brasil deve acontecer em 1º de julho, com 1.024 óbitos em 24 horas. Assim como a projeção total, a previsão de mortes diárias também obedece uma variação que aqui fica entre 182 e 2.613.
Somente nesta terça-feira (12), o Brasil registrou 881 mortes em decorrência do coronavírus, novo recorde diário. Ao todo, são mais de 12,4 mil mortes e 176 mil infectados no país, que ultrapassou a França e se tornou o sexto com mais casos confirmados no mundo.
Pior está por vir
Em junho, mostra o instituto, o número de mortes no Brasil estará na casa dos 27 mil e, quando o pico diário chegar, um mês depois, o patamar total de mortos deve saltar para 57 mil. A partir de então, a curva de mortes diárias começaria a cair, mas chegaria a agosto ainda na ordem de quase 780 vítimas por dia.
O instituto também faz previsão sobre a quantidade de recursos médicos, como leitos de UTI e respiradores, que os países vão precisar durante os períodos de pico. No caso brasileiro, em 1º de julho deve faltar pelo menos 7 mil leitos de UTI, já que serão necessários 11.168 e estarão disponíveis apenas 4.060. Os respiradores necessários no mês de pico, julho, serão 9.800, mas o índice do IHME não mostra quanto estarão disponíveis.
O presidente Jair Bolsonaro tem sido foco de preocupação entre líderes políticos e especialistas em todo mundo por insistir em minimizar a pandemia e ser contrário às regras de distanciamento social. Aliado de Jair Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já sinalizou que pode tomar medidas como a suspensão de voos do Brasil para os EUA caso a situação no país sul-americano continue a piorar.
Caso americano
O modelo utilizado pela Casa Branca ganhou notoriedade em 31 de março, quando o presidente Donald Trump fez um discurso visto como realista a respeito da pandemia que, inicialmente, ele minimizava. Na ocasião, Trump disse que estavam previstas de 100 mil a 240 mil mortes nos EUA até agosto, mesmo com a adoção das medidas de distanciamento social.
Esses números já foram revisados para baixo e para cima algumas vezes, a depender da flexibilização da curva de transmissão e do relaxamento das regras de distanciamento social.
Com a adoção de regras de distanciamento social por 95% dos americanos desde março, os números do IHME acabaram revistados para baixo, e o instituto chegou a falar em 60 mil mortes até agosto. O aparente otimismo fez Trump passar a defender a reabertura econômica do país, preocupado com o impacto negativo que a pandemia pode ter na sua campanha à reeleição – mais de 30 milhões de americanos já pediram acesso ao seguro-desemprego.
Desde o fim de abril, mais de 40 Estados americanos já começaram a retomar atividades parcialmente, porém, ainda sem o índice de testagem considerado ideal para uma reabertura segura ou mesmo sem a queda sustentada na curva de casos. O instituto revisou então mais uma vez os dados, agora para cima.
Nesta quarta-feira (13), a previsão do IHME é que 147 mil pessoas possam morrer de covid-19 nos EUA até agosto, ou seja, o patamar voltou à primeira previsão, bastante sombria, anunciada pela Casa Branca há um mês e meio. Os números que indicam a necessidade de respiradores e leitos de UTI nos EUA, porém, têm diminuído desde o meio de maio.
Apesar disso, especialistas temem uma segunda onda de transmissões nos EUA e que, por isso, muitos estados tenham que adotar novamente regras de distanciamento.