A maioria das instituições públicas de Ensino Superior do Rio Grande do Sul não está utilizando ensino a distância, atividades domiciliares ou conteúdos programados para compensar as aulas presenciais suspensas durante a pandemia de coronavírus. A situação é diferente da constatada em escolas e universidades privadas e da rede estadual.
No país, segundo o Ministério da Educação, apenas seis das 69 universidades federais adotaram o EAD após a paralisação das atividades. Segundo o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS), 97% das instituições privadas de ensino do Estado estão contando as atividades remotas como dias letivos.
GaúchaZH entrou em contato com oito universidades e institutos federais. Confira a situação:
UFRGS
Conforme a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as atividades presenciais seguem suspensasaté 31 de maio, com possibilidade de nova prorrogação, em caso de necessidade. A instituição não está oferecendo disciplinas EAD para contar como dia letivo. Sobre planejamento para retomada das aulas, afirma que “a intenção é considerar o retorno de acordo com as particularidades de cada uma das estruturas que compõem a universidade tendo como balizamento mestre a proteção à vida da nossa comunidade de estudantes, técnicos-administrativos e docentes, bem como da sociedade em geral”.
UFPel
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estuda implementar o ensino a distância como uma ferramenta para minimizar os efeitos causados pela pandemia. Segundo a reitoria, a proposta não é uma substituição do ensino presencial, e sim uma forma de manter o vínculo com o aluno durante esta parada. As matrículas não seriam obrigatórias, e os alunos que optassem por não realizá-las não teriam prejuízos. Desde março, os professores da UFPel realizam cursos de capacitação para o ensino online.
Furg
Em Rio Grande, a Universidade Federal de Rio Grande (Furg) segue com os cursos na modalidade EAD, mas não tem o plano de criar alguma ferramenta online para compensar o tempo parado das aulas presenciais. A instituição está começando a planejar um futuro retorno.
IFSul
O reitor do Instituto Federal Sul Rio Grandense (IFSul), Flávio Nunes, afirmou nesta quinta-feira (14), no programa Chamada Geral da Gaúcha Zona Sul, que é contra a implementação do ensino a distância para compensar as aulas suspensas. Segundo ele, tal medida poderia gerar uma desigualdade maior entre alunos.
— Estamos com as aulas suspensas desde março e não temos planejamento de utilizar ensino a distância para compensar o calendário suspenso. Acredito que uma medida assim pode criar uma desigualdade entre os alunos que tem e os que não tem acesso ao mundo digital — afirmou.
O IFSul anunciou nesta semana a suspensão do vestibular de inverno na instituição. A medida, segundo o comunicado, atende às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e se deu pela dificuldade na organização da realização das provas.
IFRS
O Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) está com as aulas suspensas em todos os seus 17 campi desde 16 de março. A instituição decidiu não oferecer aulas a distância para os cursos regulares, considerando, principalmente, que boa parte dos estudantes não tem acesso à internet de qualidade. Além disso, muitos acessam a internet exclusivamente via celular, o que não é considerado adequado para a aprendizagem. Em nota, a Pró-Reitoria de Ensino do IFRS afirma: “Não vamos substituir nosso ensino de reconhecida qualidade por um ensino precarizado que comprometa o patamar educacional que nos distingue. A força do IFRS reside na qualidade do seu ensino, pesquisa e extensão”.
Ainda conforme a instituição, foi realizado um diagnóstico com a comunidade acadêmica para identificar questões como o acesso e a familiaridade a equipamentos de informática e à internet. No entanto, os professores do IFRS são orientados, sempre que possível, a enviar atividades de reforço de conteúdos e ampliação de conhecimentos aos estudantes, as quais não contarão como atividades letivas.
Sobre planejamento de retorno, o IFRS instituiu o chamado Grupo de Trabalho de Recuperação do Calendário Acadêmico para estudar estratégias pedagógicas que serão utilizadas para a recuperação das atividades letivas. A retomada das aulas ocorrerá em data que a instituição considere que esse retorno às atividades presenciais não implicará em riscos à saúde de estudantes, servidores, familiares e de toda a comunidade.
UFCSPA
A Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) afirma que não há realização de aulas a distância para compensar a suspensão das presenciais. Em nota, a universidade ressalta que “a não realização de aulas EAD visa a não prejudicar eventuais estudantes que tenham dificuldades de acesso à internet ou a ferramentas digitais necessárias para a realização das aulas”. A UFCSPA também informa que não há definição sobre a retomada das aulas, pois “trata-se de uma determinação que depende de condições epidemiológicas e de decisões do poder público”. Também destaca que “como todos os nossos estudantes têm alguma relação com a área da saúde, aqueles que eventualmente participarem voluntariamente de ações de combate à covid-19 poderão utilizar essas participações futuramente para fins de contagem de carga horária prática”.
Uergs
A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) está com as atividades presenciais suspensas desde 20 de março. A suspensão seguirá pelo menos até 31 de maio. Em relação à oferta de atividades domiciliares para contar como dias letivos, a Uergs informa, em nota, que “embora nossas aulas tenham sido suspensas pela portaria interna 22/2020, o contato com nossos alunos vem sendo realizado, de diversas formas digitais, por alguns professores. Sem a obrigatoriedade de participação, vários alunos vêm mantendo encontros virtuais com seus professores, ao mesmo tempo em que utilizam o espaço para discussões, debates e organização de ações conjuntas”. A universidade começou uma pesquisa com os alunos para mapear o nível de acesso e disponibilidade de equipamentos para uso da internet, caso as aulas fossem remotas. “O mês de maio está sendo usado para análise dos dados coletados nas pesquisas referentes ao tema, maior qualificação de professores e alunos para uso das plataformas virtuais e para o planejamento da retomada do semestre. Estamos trabalhando no desenho de alguns cenários possíveis de retomada do semestre, que poderá contar com o ensino não presencial nos primeiros meses”, destaca a vice-reitora da Uergs, professora Sandra Lemos.
UFSM
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem adotado o chamado Regime de Atividades Domiciliares Especiais. Cerca de 70% dos professores e estudantes aderiram a esse método e estão participando das aulas, que serão contadas como dias letivos. Mas, se o estudante não tiver acesso aos conteúdos online, ele não será prejudicado e poderá recuperar o conteúdo quando as aulas presenciais forem retomadas. A UFSM está planejando o restante do ano letivo quando as atividades voltarem.