Um estudo francês sobre os benefícios do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, cujo resultado foi usado para pressionar o então ministro da Saúde Nelson Teich a adotar o medicamento no Brasil, foi retirado do ar pelos autores.
Conforme reportagem do jornal O Globo, o trabalho, que não havia sido publicado em revista científica, uma praxe em divulgações de ciência, foi excluído do repositório de pesquisas medRxiv na sexta-feira (22).
A pesquisa apontava resultados positivos decorrentes do tratamento com hidroxicloroquina combinada ao antibiótico azitromicina. O estudo teve grande repercussão e ganhou popularidade ao ser difundido pela Fox News nos EUA. O médico francês Didier Raoult, defensor da cloroquina e da hidroxicloroquina contra o coronavírus, chegou a classificar a pesquisa como "muito boa" em manifestação em redes sociais.
Difundido no Brasil, o estudo ganhou hashtags como #TeichLiberaCloroquina para pressionar o Ministério da Saúde a liberar o uso do tratamento. Sem concordar, Teich deixou a pasta antes de completar um mês no cargo.
A pesquisa intitulada “Hidroxicloroquina mais azitromicina: potencial em reduzir a morbidade em hospital da pneumonia Covid-19” foi realizada por uma equipe do Hospital Raymond-Poincaré liderada pelo médico Benjamin Davido e havia sido postada em 11 de maio.
O repositório de pesquisas medRxiv mostra, no lugar do estudo, a mensagem: “Os autores retiraram este manuscrito e não querem que seja citado. Devido à controvérsia sobre a hidroxicloroquina e à natureza retrospectiva de seu estudo, eles pretendem revisar o manuscrito depois da revisão por pares”. O principal autor não se pronunciou.