Um dos grandes desafios para os governos municipais durante o período do distanciamento social é a área da educação. No sul do Estado, as cidades de Pelotas e Rio Grande têm situações distintas durante a parada nas atividades. Enquanto Pelotas está começando aos poucos a utilizar o ensino remoto nas escolas municipais, Rio Grande não adota e não projeta adotar como algo obrigatório e, segundo a prefeitura, a medida visa a evitar desigualdades entre alunos.
Em Pelotas, a Secretaria de Educação fez uma pesquisa com os alunos da rede municipal e mostrou que 75% tinham acesso à internet, mas que esse percentual poderia ser menor diante das condições da rede de cada aluno. Foi proposto, então, que as escolas utilizassem as redes sociais para manter o vínculo com os alunos, proporcionando exercícios e conteúdos já apresentados, em forma de reforço. Ao longo dos dias e com a aceitação dos estudantes, as escolas estão começando a ofertar novos conteúdos.
— A educação pública não tem ainda o contato com a tecnologia. Tudo isso está engatinhando. Temos professores que também não têm acesso à internet, por isso precisamos de uma visão mais ampla e um cuidado maior com as decisões. Com o apoio dos diretores das escolas estamos conseguindo manter vínculo com os alunos durante esta parada — afirma o secretário de educação, Artur Correa.
Pelotas adotará nas próximas semanas a plataforma Google Class, a mesma que será adotada pelo ensino estadual. Conteúdos e atividades serão impressos em papel para serem disponibilizados nas escolas para a retirada dos alunos que não tiverem acesso ao meio digital.
A situação de Rio Grande é diferente, os números da Secretaria de Educação mostram que 70% dos alunos não têm acesso à internet. Com um número elevado, a prefeitura optou por não aderir ao ensino remoto. Os professores foram estimulados a manter o vínculo com alunos, e o município irá criar um site para auxiliá-los durante a pausa.
— Além de termos um número elevado de alunos (sem acesso), temos também muitos professores sem acesso. Os professores que têm internet estão elaborando conteúdos não obrigatórios. A nossa expectativa é não aderir ao ensino a distancia para não termos uma desigualdade entre os alunos e prejudicar que não tem condições — explica o secretário de educação André Lemes.
Em relação à retomada das atividades presenciais, as duas cidades se mostram cautelosas. Em Pelotas, o que mais preocupa é o transporte dos alunos. Dados da secretaria mostram que diariamente 3,7 mil estudantes costumavam ser transportados até as escolas. Com o distanciamento de alunos dentro dos ônibus, a prefeitura teria que elaborar um novo plano para transportar.
— Atualmente temos mais de 80 ônibus que transportam os alunos. Com a retomada, teríamos que aumentar o número e traçar um novo planejamento. Em relação às outras etapas, já temos praticamente tudo pronto para uma possível retomada gradual.
A preocupação de Rio Grande é em relação aos estudantes das escolas infantis. O contato entre professores e alunos, que com menos de dois anos de idade não são indicados a utilizarem máscaras, preocupa o secretário André Lemes. Na visão dele, a retomada para essa faixa etária ficou confusa.
— A educação infantil é difícil a retomada porque muitas vezes os professores não podem evitar o toque em alunos, e os alunos mais novos não conseguem usar máscaras. Esses detalhes nos deixam preocupados — conclui o secretário André Lemes.
O governo do Estado definiu nesta semana como e quando deve se dar o retorno presencial às aulas em todos os níveis das redes pública e privada. Em anúncio feito na quarta-feira (27), Eduardo Leite apresentou um cronograma que inclui lições online para colégios estaduais já na próxima segunda-feira (1º), retomada de algumas aulas práticas — em cursos livres e técnicos, por exemplo — em 15 de junho e previsão de volta gradual às atividades escolares a partir de 1° de julho.