Profissionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) desenvolveram um projeto de descontaminação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) por meio do uso de Irradiação Germicida Ultravioleta (UVGI) - com foco no reaproveitamento das máscaras faciais N95 utilizadas por profissionais no atendimento a casos suspeitos e confirmados de coronavírus.
Conforme um dos desenvolvedores do projeto, o infectologista do Husm e professor da UFSM, Alexandre Schwarzbold, a medida tem como foco se preparar para uma possível falta do produto em decorrência da pandemia mundial:
_A ideia de descontaminação surgiu da perspectiva de falta iminente num momento importante do pico epidêmico, como se notou na China e nos países Europeus, que registraram falta dos produtos. Então, nosso projeto surgiu da necessidade de montar uma estratégia para buscar uma alternativa para reutilização segura dos EPIs.
O projeto já foi testado e está pronto para ser implantado, mas somente será utilizado em casos de escassez ou ausência de EPIs adequados. Inicialmente, o processo só irá ser aplicado em máscaras N95, por serem caras e usadas em grande escala.
_Esta é uma máscara utilizada estritamente pelo profissional da saúde no momento do atendimento a um caso confirmado ou suspeito. Não é uma máscara para circular dentro ou fora do hospital em outras situações. Neste momento que temos controle da curva epidêmica, ou seja, os casos não tem aumentado em função do isolamento, nós conseguimos dar conta com os materiais que temos. Mas diria com bastante segurança que, com o crescimento exponencial da curva epidêmica como temos visto em outros países, não teremos mascara N95 suficientes_ destacou Schwarzbold.
O infectologista explica que o processo de descontaminação envolve a liberação de irradiação germicida ultravioleta, semelhante a um protocolo desenvolvido e utilizado na Universidade de Nebraska (EUA):
_ Essa emissão de ultravioleta não é nova para a ciência porque já se trabalha com isso em laboratórios de microbiologia há muitos anos e também não é nova a aplicação direta com relação ao coronavírus, porque já é utilizada pela Universidade de Nebraska e por outras instituições americanas. Este atendimento é feito de modo remoto, nos dá segurança. De modo muito simples, coloca-se o produto em armário ou uma caixa com oito lâmpadas que eimite esses raios ultravioletas em um período curto, necessário para descontaminação.
Ainda conforme Schwarzbold, os desenvolvedores do projeto definiram que - quando o processo for colocado em prática - as máscaras poderão ser descontaminadas e reaproveitadas de duas a três vezes no máximo, para que não haja risco de perda na integralidade do produto. Para isso, o Husm construirá um fluxo de recolhimento e armazenamento para reprocessá-las em ambiente seguro e adequado por meio da aplicação da irradiação.