Durou um ano a gestão do neurocirurgião André Cecchini à frente do maior grupo hospitalar público do Rio Grande do Sul, o Conceição. Ele deve anunciar hoje formalmente que deixa a superintendência, cargo que assumiu dia 4 de abril de 2019.
— Saio em solidariedade ao ministro Luiz Henrique Mandetta — resume Cechini, que conversou com GaúchaZH na manhã desta sexta-feira (17).
Cecchini, 53 anos, sai do cargo, mas não do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Ele é concursado e atua há 22 anos como cirurgião no Hospital Cristo Redentor.
A gestão do GHC é das funções mais disputadas no Rio Grande do Sul, pelo gigantismo e importância da tarefa. A estrutura a ser tocada abrange 9,6 mil funcionários nos hospitais Conceição, da Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina, da UPA Moacyr Scliar e de 16 postos de saúde. Por ano, o grupo realiza 1,4 milhão de consultas e 33 mil cirurgias pelo SUS.
Elegante, Cecchini evita aprofundar os motivos da sua saída. Ele admite que está ligada à política. Foi indicado pelo DEM, ao qual se filiou às vésperas de tomar posse como superintendente. A indicação foi do deputado Thiago Duarte Pereira, correligionário de partido e também médico. Esse, por sua vez, teria passado o nome de Cecchini ao hoje Ministro da Cidadania, o gaúcho Onyx Lorenzoni, cacique do DEM.
Acontece que Onyx e Mandetta ficaram em rota de colisão, apesar de filiados ao mesmo partido. O ministro gaúcho, da Cidadania, se colocou ao lado do presidente Jair Bolsonaro nas divergências desse com o ministro da Saúde em relação ao combate ao coronavírus. O presidente defendia que fosse adotado no país o isolamento vertical (ficam em casa apenas idosos e grupos de risco), enquanto Mandetta defendia isolamento horizontal (restrição de circulação à toda a população, excetuadas atividades essenciais).
Mandetta perdeu a queda de braço e com a saída dele do ministério começam a sair os que o apoiaram. Cecchini, do Conceição, entre eles.
— Admiro e apoio a condução de Mandetta nessa crise — resume.
Cecchini prefere falar de projetos que ajudou a elaborar, como a Parceria Público Privada para reestruturar o Hospital Fêmina e, também, a estrutura emergencial montada contra a pandemia. O superintendente, agora de saída, ressalta que foram reservados, no GHC, 97 leitos de UTI para tratar pacientes de coronavírus – desses, 28 novos. E montados outros 300 leitos convencionais. É a maior estrutura do gênero no RS.
Cecchini assegura que sai por iniciativa própria, que não indicou equipe e que ignora se outros diretores permanecerão nos postos. Ingressaram com ele na condução do GHC o diretor administrativo e financeiro, Cláudio Oliveira, e o ex-secretário da Saúde Francisco Paz, diretor médico. Nos bastidores, comenta-se que os cargos podem continuar sendo indicados pelo DEM, mas isso é uma incógnita, porque o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, não é conhecido por ter militância partidária.
Cecchini informa que voltará para os plantões no Cristo Redentor e a atender em consultório.