A Sociedade Riograndense de Infectologia (SBI-RS) defendeu, nesta sexta-feira (10), as medidas de distanciamento social no Estado para evitar a proliferação do coronavírus entre a população. Em uma carta, a entidade defende que, sem a quarentena, a quantidade de casos no RS seria muito maior.
O fato de a restrição ter sido imposta de forma precoce e em vários municípios do Estado foi "essencial para evitar, até o momento, uma crise sanitária de maiores proporções nestas primeiras semanas de epidemia no Rio Grande do Sul", indica o grupo.
A entidade define o conjunto de medidas adotadas no RS como isolamento horizontal (IH) ou distanciamento social ampliado (DSA). Essa estratégia — recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) — tem como objetivo evitar que um número elevado de casos ocorra em um curto período de tempo, "o que levaria a um colapso do sistema de saúde" e "altas taxas de mortalidade devido a limitação da disponibilidade de leitos hospitalares, de cuidados em terapia intensiva e no acesso a equipamentos de respiração artificial".
"A sobrecarga do sistema de saúde eleva as taxas de mortalidade da epidemia, por impedir o acesso ao atendimento médico adequado de parte dos pacientes, e é o que tem sido observado em diversos países, como a China, Itália, Espanha, Irã e Estados Unidos. Em comum, estes países se caracterizaram por respostas tardias à epidemia, o que acarretou, diariamente, em centenas e até milhares de mortes", afirma a SBI.
O grupo afirma também que o dano da disseminação da "populações social e economicamente vulneráveis, provavelmente ocasione consequências ainda subestimadas". "Assim, evitar que a epidemia atinja os grandes aglomerados urbanos das periferias, bem como populações que possuem dificuldades no acesso a serviços de saúde é um dos objetivos do IH ou DAS".
"A efetividade do IH é cientificamente comprovada, desde a Gripe Espanhola no início do século passado, as cidades americanas que o fizeram e o sustentaram, tiveram menos morte e melhor recuperação econômica", defende a SBI. Na atual pandemia, o conjunto de medidas restritivas "reduziu significativamente o número de casos" da doença nas cidades chinesas que a adotaram de forma precoce e contribuiu para o controle da epidemia na província de Hubei, na China.
No RS, a entidade indica que, no final da terceira semana da implementação das medidas restritivas, foi observada uma "desaceleração no número de casos graves previamente estimados, o que garantiu que todos os pacientes tivessem acesso ao tratamento hospitalar necessário".