O governador Eduardo Leite anunciou, na tarde desta quinta-feira (30), que a pesquisa inédita que tem revelado a prevalência do coronavírus na população gaúcha terá etapas semanais a partir de junho.
A estrutura para a realização de mais etapas de entrevistas e de aplicação de testes rápidos já existe, mas falta o dinheiro. O desafio agora é encontrar parceiros para financiar a segunda parte do estudo. Quatro fases da pesquisa custam R$ 1,5 milhão.
O anúncio foi feito pelo governador no início da apresentação sobre como funcionará o distanciamento social controlado que visa a evitar a expansão do coronavírus e, ao mesmo tempo, flexibilizar atividades por regiões do Estado.
O coordenador-geral da pesquisa, o epidemiologista Pedro Curi Hallal, já está trabalhando na ampliação do estudo, mas ressalta que ainda será debatida com o governo a melhor estratégia para o andamento do trabalho. Hallal, que é reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), entende que é melhor fazer as etapas com intervalos a cada 15 dias e não semanal.
— É só questão de ajustes. O importante é que teremos mais fases, o que nos dará uma visão mais ampla da evolução do vírus no Estado — diz Hallal.
Os resultados de duas etapas do levantamento coordenado pela UFPel já foram divulgados. A mais recente, na quarta-feira (29), estimou que 15 mil já tiveram infecção pela covid-19 e desenvolveram anticorpos para a doença. O trabalho também mostrou que para cada caso notificado, há cerca de 12 que não chegam ao conhecimento das autoridades.
Quando começou a ser planejada a pedido do governo, em março, a pesquisa de prevalência chegou a ser pensada com formato de seis inquéritos populacionais, ou seja, com seis fases de entrevistas e aplicação de testes rápidos para identificar anticorpos nos participantes sorteados. Mas havia a dificuldade inicial de financiamento e de saber como o trabalho se desenvolveria. Foi decidido então que ela seria realizada em quatro etapas, com 15 dias de intervalo entre cada uma.
Os 20 mil testes necessários foram doados pelo Ministério da Saúde e três empresas assumiram o financiamento do trabalho pagando R$ 1,5 milhão: a Unimed Porto Alegre, o Instituto Cultural Floresta e o Instituto Serrapilheira, do Rio. Agora, com duas etapas do estudo já concluídas, o governo e os pesquisadores trabalham na ampliação.
A ideia inicial é de fazer mais quatro inquéritos populacionais, que testariam, no total, mais 18 mil pessoas em nove cidades que já são foco da pesquisa. Se houver o financiamento, o trabalho poderia começar logo depois da apresentação final da do estudo que está em andamento. O levantamento atual ainda tem duas etapas de coleta de informações: de 9 a 11 e de 23 a 25 de maio.