Sem receber pacientes desde 2017, quando foi desativado, o Hospital Parque Belém, na zona sul de Porto Alegre, entrou nas ações de combate ao coronavírus na cidade. A partir de decreto assinado pelo prefeito Nelson Marchezan na quarta-feira (18), a estrutura disponível na instituição foi requisitada, com aproveitamento de respiradores, desfibriladores, camas, bombas de infusão, entre outros equipamentos.
Na manhã desta sexta-feira, 20 leitos de tratamento intensivo foram removidos do local e levados ao Hospital Conceição. Posteriormente, serão distribuídos em UTIs do Grupo Hospitalar Conceição (GHC).
Segundo a prefeitura, os equipamentos são leitos completos para atendimento e, para entrar em funcionamento, dependem ainda da disponibilidade de profissionais da saúde, de equipes e de áreas preparadas nos hospitais da Capital.
Cobertores foram acondicionados em veículos da prefeitura. Vans e sete caminhões-baú foram utilizados para transportar as máquinas. Os veículos fizeram o frete de forma gratuita, por meio de equipes cedidas por transportadoras ligadas ao Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs). Trabalhadores da Cootravipa, prestadora de serviço ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) ajudaram na operação, coordenada por técnicos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
De acordo com o médico Luiz Augusto Pereira, presidente da associação mantenedora do Hospital Parque Belém, o local recebia manutenção e os leitos não foram danificados. Ao chegarem ao destino, todos serão testados e encaminhamos às instituições.
— Nosso hospital está à disposição. Ofereci inclusive a estrutura, que precisa basicamente de uma grande higienização e estruturação — explicou.
Os equipamentos foram adquiridos, em sua maioria, a partir de convênios federais, enquanto a instituição funcionava a pleno. Dentre as máquinas, o médico-gestor ressalta a importância dos respiradores — são 10 deste tipo entregues ao GHC.
— É o que vai salvar vidas nessa pandemia. O respirador é o motor, a locomotiva — definiu.
André Cecchini, superintende do GHC, afirma que a ajuda é essencial para enfrentar a demanda, que deverá crescer exponencialmente nas próximas semanas.
— Dinheiro para comprar há, mas faltam equipamentos para vender. Respiradores, por exemplo, estão em falta não só no mercado nacional, mas mundial — afirmou.
Os hospitais do GHC têm 92 leitos de UTI adulta, sendo que 80 desses leitos devem ser disponibilizadas exclusivamente para o combate à pandemia.
Fiscalizando a retirada das máquinas, com o cuidado de não haver danos ao patrimônio, Caroline Machado, diretora-geral administrativa SMS, afirma que mais equipamentos podem ser retirados de outros locais, caso se confirme que estão sendo subutilizados e haja demanda.
— Temos que estar preparados para aumentar a capacidade hospitalar para os casos mais graves. A pandemia já está instalada, e buscamos alternativas para preparar o sistema.
De acordo com Caroline, não apenas mobiliário de UTI está sendo retirado do Parque Belém, mas também equipamentos que serão utilizados para contribuir com toda a rede hospitalar, como aparelhos de raio X, eletrocardiograma, mesas e cadeiras para os setores de refeitório e nas recepções.
Após chegarem ao GHC, os materiais serão avaliados e terão o destino definido.