Deve sair nas próximas horas um novo decreto do prefeito Marchezan, agora reduzindo a circulação dos ônibus em Porto Alegre. Faz sentido: a EPTC estima que o movimento tenha caído 30% nos últimos quatro dias – e a tendência é de que siga despencando.
O problema é que, na manhã desta quinta-feira (19), usuários foram surpreendidos por uma alteração insolente: sem avisar ninguém, algumas concessionárias decidiram implementar a tabela horária de verão. Do nada, portanto, os ônibus passaram a sair de 20 em 20 minutos, não mais de 10 em 10.
A justificativa? Segundo as empresas, como Marchezan assinou um decreto, nesta semana, recomendando que motoristas e cobradores com mais de 60 anos fossem dispensados, não haveria funcionários suficientes para dar conta.
Ora, as concessionárias sabem que esse tipo de decisão precisa ser coordenada, discutida e aprovada pelos órgãos públicos – para os quais elas devem satisfação. A EPTC jura que não autorizou nada.
As concessionárias também sabem que a prefeitura já vem debatendo a retirada dos ônibus. Cidades do ABC Paulista e de Santa Catarina fizeram isso: reduziram ao máximo a circulação do transporte coletivo, para desincentivar as pessoas a saírem de casa. Mas, para fazer isso, é preciso comunicar a população. Também é aconselhável avisar a imprensa, que vai passar as informações adiante.
O que não pode é um serviço público ser interrompido – ou reduzido – sem que as pessoas façam a menor ideia do que ocorre, ainda mais em um momento tenso, triste e imprevisível como este. Do jeito que fizeram, as empresas geraram na quinta-feira (19) mais aglomerações no horário de pico, o que é uma irresponsabilidade.
É provável que ainda hoje sejam divulgadas pelo prefeito as alterações oficiais na tabela horária. Aí, sim, com todo mundo devidamente avisado.