
Diferenças no número de casos confirmados de coronavírus no Rio Grande do Sul têm chamado a atenção e levantado dúvidas nos últimos dias, mas a Secretaria Estadual da Saúde (SES) assegura que não há motivos para preocupação. Elas se devem ao fato de que testes realizados na rede privada precisam passar por contraprova no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen/RS) para que possam ser reconhecidos pelo órgão. Com isso, os dados do Estado podem ter defasagem em relação às estatísticas de municípios.
Na noite do último domingo (22), por exemplo, a diferença entre a contagem divulgada pela SES e pela Secretaria da Saúde de Porto Alegre chegou a 20 casos. A SES informava a existência de 40 infectados comprovados na Capital, ao passo que o órgão municipal divulgava 60 confirmações. Naquele momento, segundo a SES, o número total de enfermos com exame positivo para a covid-19 no Estado era de 85 pessoas. Com os dados de Porto Alegre, seriam 105, mas isso ainda não aparecia no relatório.
Diante de questionamentos, os perfis oficiais de ambas as secretarias publicaram explicações na internet, ainda na noite de domingo. De acordo com o órgão do município,
a prefeitura "possui laboratórios privados ou federais que são credenciados pelo Ministério da Saúde, e os dados destes locais demoram a ser registrados no sistema. A SES divulga os dados analisados pelo Lacen".
Em outra postagem, a Secretaria Estadual da Saúde confirmou a informação. Para não restarem dúvidas, o governo do Estado publicou texto reforçando os esclarecimentos na manhã desta segunda-feira (23).
Conforme Tani Ranieri, chefe da vigilância epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, depois que um laboratório privado tem o primeiro teste aprovado pelo Lacen, os próximos exames feitos pelo estabelecimento passam a ser validados automaticamente.
Assim que as amostras são chanceladas, os municípios recebem notificação da vigilância epidemiológica. Com isso, os pacientes – em isolamento desde a suspeita inicial – devem continuar isolados por 14 dias.
Para evitar que os desencontros numéricos sigam ocorrendo, Tani diz que está sendo elaborada uma nova sistemática junto aos municípios e aos laboratórios. Segundo ela, o problema "será corrigido nos próximos dias".
O Lacen realiza cerca de 150 análises por dia. Mesmo depois da publicação do informe diário do Estado, os testes continuam sendo aplicados e as confirmações que tenham ficado de fora do boletim são informadas nos perfis oficiais da SES nas redes sociais. Por isso, também nesses casos, pode haver divergências entre o dado do informe e o último levantamento da noite.