Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, é conhecida por realizar anualmente a Oktoberfest, festa que valoriza as tradições da imigração alemã (e que ocorre também em outras cidades que os europeus colonizaram no Rio Grande do Sul, como Igrejinha). A religiosidade é outra característica do turismo por lá. Confira 10 dicas, incluindo uma esticada até Rio Pardinho.
Catedral São João Batista e Praça Getúlio Vargas
Considerada a maior igreja em estilo neogótico tardio (fase final do estilo) da América Latina, a Catedral São João Batista levou 49 anos para ser completamente concluída – as duas torres maiores, cada uma com 82 metros de altura, foram o toque final. Iniciado em 1928, o prédio acabou inaugurado mesmo inacabado, na véspera do Natal de 1939. Aos poucos, ganhou a forma que hoje atrai a atenção dos turistas.
Imponente em frente à Praça Getúlio Vargas, a catedral tem uma particularidade da qual os santacruzenses se orgulham: as pinturas internas e os vitrais foram produzidos por imigrantes alemães. Atrás do altar, a pintura Grupo da Cruz foi inicialmente realizada por Arno Seer, sendo retocada depois por Roman Riesch.
A catedral tem missas diárias, às 18h15min, às quartas, às 12h30min, aos sábados, as 17h, e aos domingos, 7h, 9h e 19h.
Em frente à catedral, a praça, criada em 1855 junto com a demarcação das primeiras quadras da povoação, guarda monumentos em homenagem às mães, ao ex-presidente Getúlio Vargas, aos 100 anos de comemoração do Dia do Trabalho (datado de 1º de maio de 1986) e ao centenário do Colégio São Luís.
Uma das curiosidades da praça e da igreja é que ambas já foram cenário do quadro Pedido de Casamento, do programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo, em 2017. O próprio apresentador Luciano Huck esteve na cidade para gravar o pedido na praça, com direito a balões de coração. O casamento ocorreu na catedral.
Parque da Santa Cruz
Encravado em um dos pontos mais altos da cidade, em uma área verde de 12 hectares, o Parque da Santa Cruz abriga uma cruz de 20 metros de altura. À noite, por ser iluminada com neon, ela é vista até dos municípios vizinhos. Localizado na antiga pedreira Monte Verde, o parque tem dois paredões de 40 metros de altura, compostos por rochas de bauxita, arenito e basalto. Juntas, têm mais de 60 milhões de anos e são ponto de encontro dos apaixonados pela escalada e pelo rapel.
Do alto do parque, a vista panorâmica da cidade atrai turistas e moradores locais, como os idosos integrantes da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), do distrito de Rio Pardinho. No dia em que a reportagem esteve no local, o grupo visitou o espaço para agradecer pela vida e soltar balões com pedidos para os próximos 12 meses.
— É um dos pontos mais bonitos de Santa Cruz do Sul e, sempre que possível, o visitamos — comentou a presidente da OASE, Ana Cecília Breunig.
Santuário da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt
A capelinha acolhida entre árvores fica ainda mais bonita no entardecer do inverno, quando a luz dourada invade e marca as sombras dos galhos sobre as paredes brancas. Pertencente ao Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o prédio se tornou refúgio a quem é movido pela fé.
Fundado em 1977 pelo padre alemão José Kentenich, o santuário é uma cópia fiel do original criado em 1914, na Alemanha. Em 2017, foi inaugurada uma estátua em homenagem ao padre.
As missas ocorrem aos domingos, às 17h. Mas no dia 18 de cada mês são rezadas duas missas, às 14h30min e às 20h, pelo dia de fundação do santuário. Por ficar dentro da área do Instituto, a capela recebe visitantes das 8h às 12h e das 13h30min às 17h30min. Mas é preciso agendar horário.
Parque da Gruta
A área de 17,4 hectares, distante dois quilômetros do centro da cidade, abriga uma das cavernas mais conhecidas do Vale do Rio Pardo. Identificada como Gruta dos Índios, porque inicialmente se imaginava que havia sido feita por indígenas que habitaram a região, é, na verdade, uma paleotoca, segundo constataram pesquisadores da UFRGS. As paleotocas foram abrigos subterrâneos cavados em morros areníticos, geralmente, por preguiças de grande porte – existentes até 10 mil anos atrás.
Para ter acesso à gruta, que é iluminada por dentro, o visitante precisará subir e descer mais de 140 degraus de concreto. O parque também dispõe de trilhas em meio à mata nativa, cascatas, pedalinhos e estrutura com playground, banheiros, churrasqueiras e um restaurante (que, no momento, está em obras).
Veja também
- Parque da Oktoberfest – Área de 14 hectares que anualmente é sede de uma das maiores festas germânicas do Sul. Também sedia a Festa das Cucas, o Encontro Sul-Americano de carros antigos e Fuscas e o Enart, entre outros eventos. Rua Galvão Costa 755, Centro.
- Monumento ao Imigrante – Painel em mosaico composto por centenas de cacos de ladrilhos, trabalhados com torquês e esmeril. Criado pelo desenhista santa-cruzense Hildo Müller, o monumento foi inaugurado em 25 de janeiro de 1969. No entroncamento das Ruas Marechal Floriano e Galvão Costa, na Praça Hildo Müller, no Centro.
- Museu do Colégio Mauá – Referência para a região do Vale do Rio Pardo, mantém um acervo superior a 140 mil itens, dos quais 4,5 mil encontram-se em exposição. São peças arqueológicas, históricas, etnográficas, de numismática e de ciências naturais. tem ainda uma pequena pinacoteca de artistas e uma coleção de armas. Rua Marechal Floriano, 274, com funcionamento de terça à sexta, das 14h às 17h. Telefone: (51) 3715-0496.
Uma esticadinha até Rio Pardinho
Para conhecer ainda mais a cultura da imigração alemã – a comida, o dialeto, a arquitetura, os costumes –, vale fazer uma viagem rápida ao passado percorrendo 12 quilômetros em direção a Sinimbu. É onde fica o distrito de Rio Pardinho. Apesar do asfalto da RS-471, o trecho parece ter parado no tempo. Aliás, os prédios residenciais e comerciais apresentam na fachada a data de construção – a maior parte deles surgiu na década de 1930.
Algumas famílias investiram em atrações para os turistas. Os Gressler foram um dos primeiros a construírem uma casinha de madeira nas cores branco e vermelho para vender cucas alemãs artesanais. Existente há duas décadas, a Kuchenhaus Cucas Gressler oferece mais de 15 sabores (aberto de sexta a domingo, das 9h até 18h, fone (51) 3704-5035). Também há tortas, rocamboles, biscoitos, pães, geleia e linguiça.
— Nossa intenção é preservar a história da família, que vem desde os primeiros imigrantes. Por isso, faço tudo com amor. O artificial é encontrado em qualquer esquina, mas a tradição não — diz Clarine Lenz, 43 anos, responsável pela administração do local.
Na mesmo rodovia, fica a Basteleihaus, da família Molz e Wathier, onde vende-se artesanato e antiguidades (atende com agendamento prévio, pelo telefone (51) 99597-3105). A especialidade da casa é o café da colônia regado aos mais diferentes tipos de pães, embutidos, doces, salgados, geleias e cafés.
A mãe, Elfriede Isolde Molz, 84 anos, e a filha, Marísia Helena Wathier, atendem com um sorriso cada novo turista que chega à casa amarela construída no início do século passado. O livro de visitas registra a passagem de viajantes do Amazonas, dos Estados Unidos e da Irlanda.